Pesquisadora diz que frevo é genuinamente de Pernambuco

07/02/2005 - 14h29

Brasília - Enquanto o samba é reverenciado como o ritmo carioca, o frevo se transforma na música autenticamente pernambucana. "Dizem que o frevo surge das maltas de capoeira, que acompanhavam as bandas militares", disse hoje a professora de história da Universidade Federal de Pernambuco, Isabel Guillen. Segundo ela, o surgimento desses ritmos faz parte de um processo de formação de identidade nacional, que ocorre a partir dos anos 20 e tem seu auge nos anos 30 e 40.

Já o maracatu teria origem nas "antigas coroações de reis de Congo existentes desde o século XVII". Porém, o ritmo como é conhecido hoje foi formado no final do século XIX. Com o final da escravidão, "há um certo desejo da elite no Brasil se civilizar e acabar com essa chamada festa de negros e, aos poucos, o maracatu vai sendo dirigido como uma manifestação tipicamente carnavalesca", explica Isabel.

De acordo com a professora, no início do século XX, o maracatu era uma manifestação mal vista e perseguida por policiais, só voltando a ter alguma notoriedade nos anos 40. "Mas durante os anos 60 e 70, muitos dos maracatus deixaram de existir e a gente só vê o maracatus voltando com força depois da atuação, por exemplo, de Chico Science e Nação Zumbi, que colocam o ritmo junto ao rock e a pop". Apesar de hoje o maracatu ser considerado um ritmo pernambucano, "há um processo longo e doloroso de reconhecimento porque ele é uma cultura ou uma manifestação cultural afro-descendente", ressalta.

Em entrevista dada hoje à Rádio Nacional AM, a professora finalizou afirmando: "dizem que o samba é o ritmo nacional, não sei se está aí um ritmo que efetivamente une todo o Brasil. O que acho interessante e que une todo o país é esse amor pelo carnaval".