Desafio da Educacão demandaria 11,6 milhões de novas vagas escolares em 15 anos

22/01/2005 - 9h10

Marli Moreira e Paulo Montoia
Repórteres da Agência Brasil

São Paulo - Para alcançar um padrão elevado de educação populacional até o ano de 2020, o Brasil precisaria criar 11,6 milhões de novas vagas escolares no ensino médio e superior, a um custo estimado de R$ 1,5 trilhão. Segundo o estudo, seria necessária a abertura de 330,8 mil novas turmas, 110,3 mil novas salas de aula e a contratação de 1,5 milhão de novos professores.

A quinta edição do Atlas da Exclusão Social, que será apresentado no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, traz dados de 5.500 munícipios do país e a primeira a trazer um projeção de metas, com expectativa de prazo e custos, em oito áreas essenciais da sociedade. O critério comparativo adotado foi o da percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) investido por um país em estágio intermediário e outro avançado em cada área. No caso da educação, foram estudados os dados apenas do ensino médio (15 a 17 anos), comparados aos de Estados Unidos e Chile, e os do nível superior, comparados a Argentina e
Estados Unidos.

De acordo com os levantamentos do Atlas, o Brasil teria de ampliar a verba aplicada em 3,8% do PIB para o ensino médio (mais R$ 960 bilhoes) e em 6,8% (mais R$ 1,7 trilhão) para o ensino superior. Enquanto no Brasil apenas 34,7% da população na faixa de 15 a 17 anos estão cursando o ensino médio, há 54,2% nos Estados Unidos e 85% no Chile. Para que o país
possa atingir um grau considerado intermediário com 54,2%, há necessidade de se criar 1,9 milhão de novas vagas, um aumento de 325 mil professores e a construção de 18 mil novas salas
de aula. Se quiser ocupar a posição de nível avançado, esses números mudam para o acréscimo de 4,9 milhões de vagas, 509 mil novos docentes com a criação de 140 mil novas turmas e 46,7 mil novas salas de aula.

No ensino de nível superior (18 a 24 anos), o Brasil tem apenas 7,4% dos jovens matriculados, contra 22,3% Argentina (indicador intermediário) e 33,9% nos Estados Unidos (avançado). Para que alcance o nível da Argentina em 2020, o Brasil precisará incorporar 3,2 milhões de novos alunos, 306 mil novos professores e 30,2 mil novas salas de aula. Para o nível norte-americano, seriam 5,7 milhões de alunos, de 466,7 mil novos professores e a construção de 54 mil novas salas de aula.

"O Brasil avançou bastante no combate ao analfabetismo e no ensino fundamental. No entanto, há um déficit educacional grande se comparado a países com índices avançados e intermediários. Nós podemos dizer que situação é mais complexa no ensino superior, porque cusa mais caro em termos quantititativos", explica Alexandre Guerra, um dos pesquisadores do Atlas. Mas "o dado mais alarmante", em sua opinião, é o do ensino fundamental. "O Brasil hoje tem cursando o ensino médio 34,7% da sua população na faixa de 15 a 17 anos. Esse é um dado alarmante e não precisamos buscar um exemplo muito longe. O Chile tem 85% de sua população nessa faixa etária no ensino médio. Dá para você ver a distância do Brasil para outros países, de 34% para 85%".

Ele explica que muito se fala da necessidade de uma agenda social e que o esforço dos 17 pesquisdores do Atlas da Exclusão foi justamente para tentar contribuir dimensionando as necessidades em números e metas.