Pequenos empresários argentinos querem restrições a importação de produtos brasileiros

15/12/2004 - 18h01

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A ameaça do governo da Argentina de impor salvaguardas à importação de produtos brasileiros agradou aos pequenos e médios empresários argentinos que participam, em Belo Horizonte, do 1º Fórum Empresarial do Mercosul. O fórum reúne cerca de 300 empresários e representantes de classe da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Segundo o pró-secretário de Fazenda da Confederação Argentina da Média Empresa, Carlos Venier, as salvaguardas são necessárias è recuperação da economia argentina neste momento. "O processo de crescimento da Argentina é muito lento e tivemos praticamente a destruição total das indústrias. E a Argentina não pode viver sem a indústria. Não somos um país puro e exclusivamente agropecuário. Queremos ter uma parte do mercado industrial, e queremos respeitar isso", afirmou.

Segundo o empresário, as restrições às importações de produtos brasileiros e de outros países em desenvolvimento vão permitir à Argentina competir no mercado internacional. "A nossa proposta é que os industriais brasileiros não tenham acesso ao mercado argentino se não houver uma parte do mercado para o desenvolvimento da pequena indústria da Argentina. Não é um desencontro para o mercado comum. Nós tomamos o mercado comum como uma livre negociação entre nós, mas o mercado comum vai mais além. Queremos mercado comum para sairmos e vendermos juntos, para aproveitar o mercado do mundo", enfatizou.

Carlos Venier disse, no entanto, que não existe um confronto aberto contra os empresários brasileiros. "Neste momento a Argentina está recuperando a sua parte industrial, então não queremos que esse processo de crescimento da indústria seja prejudicado pelas assimetrias que temos neste momento com o Brasil", afirmou.

Na opinião do empresário, Brasil e Argentina devem enfrentar as diferenças comerciais com o objetivo final de fortalecer o Mercosul. "Não temos que competir entre nós, o Brasil com a Argentina, mas sermos sócios para competirmos no mundo e vendermos produtos do Mercosul", disse.

Carlos Venier elogiou as negociações para a criação de um fundo compensatório para o bloco econômico que tem como objetivo ajudar na superação das diferenças econômicas entre os quatro países membros do Mercosul. O fundo pode ser, segundo o empresário, o fim da disputa comercial entre o Brasil e a Argentina. "Se as assimetrias realmente forem compensadas com o fundo, vamos ver como trabalharemos juntos. Os governos de nossos países, e os nossos industriais, devem ter políticas claras a longo prazo", defendeu.