Brasília - Duas equipes do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego libertaram nesta semana 90 trabalhadores que estavam em condições análogas à escravidão. Na Fazenda Aeroporto, no município de Sinop (MT), foram localizados 53 pessoas, entre elas três menores catando raízes, em situação subumana. Esses trabalhadores, que foram libertados, estavam em alojamentos precários, com péssima alimentação e sem carteira de trabalho assinada. Também foram encontradas três armas.
Havia ao todo 105 trabalhadores na fazenda, mas 52 estavam a serviço da sede e contavam com boas condições de trabalho. A desigualdade de tratamento dispensada pelos proprietários Leandro Mussi e Carlos Vian aos seus funcionários chocou os integrantes da fiscalização. "Ficou claro que existiam dois tipos de cidadão: o que serve à sede e o que trabalha na cata de raiz", declarou o coordenador da equipe, o auditor fiscal Clóvis Emídio. Segundo ele, levantamentos preliminares das indenizações trabalhistas indicam um valor de R$ 300 mil.
Na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, localizada no município de Formoso do Rio Preto, na Bahia, foram libertados 37 trabalhadores, sendo dois menores de 18 anos. Eles estavam trabalhando em sistema de barracão. Tudo que consumiam era comprado na fazenda, onde os preços geralmente são superfaturados, o que caracteriza o ciclo de endividamento.
A fazenda é de difícil acesso e os trabalhadores somente teriam transporte ao final de toda a empreitada de trabalho de cata de raiz. Segundo os depoimentos colhidos pela fiscalização, nove trabalhadores haviam saído do local a pé e passaram três dias caminhando até chegar à cidade mais próxima, pois os trabalhadores fixos eram proibidos de dar carona.
A maioria dos trabalhadores foi recrutada em Luiz Eduardo Magalhães (BA). "Os acertos trabalhistas já foram feitos e a maioria retornou à cidade de origem. Muitos não tinham documento e nem carteira de trabalho", informou coordenador da equipe, Luiz Fernando Duque. Foi fornecida documentação aos trabalhadores e pagos os direitos trabalhistas, num total de R$ 30 mil.
O delegado da Polícia Federal, Pablo Camargo Nezzedimi, instaurou inquérito indiciando o proprietário da fazenda Jorge Lauck, o seu filho Fábio Lauck e o aliciador de mão-de-obra Aldinei Lacerda de Andrade por reduzir a condição de trabalho dos empregados à de escravidão, por formação de quadrilha e aliciamento. O procurador do Trabalho, Faustino Pimenta, vai entrar com ação civil pública por danos morais.
Com informações do Ministério do Trabalho e Emprego