Brasília, 15/12/2004 (Agência Brasil - ABr) - As disputas comerciais entre o Brasil e a Argentina que envolvem as exportações entre os dois países não indicam a existência de crise no Mercosul. A opinião é do representante especial para a Integração Econômica Regional e da Participação Social da Argentina, Hugo Varsky, que participa das negociações técnicas que antecedem a reunião de Cúpula do bloco econômico, marcada para a próxima sexta-feira (17), em Ouro Preto (MG).
Segundo o diplomata, tanto o Brasil quanto a Argentina estão em busca de soluções para que os países do Mercosul possam recuperar sua economia e competir no mercado internacional. "É uma negociação bilateral. Prefiro não comentar, porque daria a sensação de que a disputa entre Brasil e Argentina é o principal. Mas o principal é a reunião do Mercosul. Tudo vai fortalecer o bloco", ressaltou Varsky.
O diplomata disse que as negociações bilaterais continuarão avançando, e ressaltou que a expectativa do governo argentino é que o impasse comercial entre os dois países seja solucionado. A disputa entre os dois países teve início na última reunião do Mercosul, realizada em julho deste ano, quando os argentinos decidiram impor restrições à importação de eletrodomésticos brasileiros.
Esta semana, a disputa voltou à tona com a decisão da Argentina de estabelecer salvaguardas à importação de produtos brasileiros. O secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Mário Mugnaini, reagiu à ameaça argentina e disse que o Brasil daria prazo de 30 dias para o país rever as sobretaxas sob pena de o governo brasileiro também impor salvaguardas a produtos argentinos como arroz, vinho e trigo.
Na opinião de Varsky, o espírito da reunião de Cúpula do Mercosul é o de solução de conflitos bilaterais. "Todos estão buscando caminhos para fortalecer o Mercosul. Esse é o espírito, essas são as condições, que não vão inteirar-se de outras coisas, mas de notícias positivas. Vamos adiante, cada um negociando as suas pretensões como corresponde em um processo de negociação comum", ressaltou.