Arquivos da ditadura militar podem ser consultados a partir de hoje em Minas Gerais

15/12/2004 - 14h53

Christiane Peres
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O governo de Minas Gerais abriu nesta quarta-feira (15) para consulta os arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e outros documentos da ditadura recuperados pela Universidade Federal de Minas Gerais. "São cerca de 230 mil documentos, 30% do acervo total do DOPS e, agora, estão à disposição do público em geral, de pesquisadores e dos próprios envolvidos neste período dramático da vida brasileira", conta o secretário estadual de Cultura, Luís Roberto Nascimento e Silva.

Em entrevista à Rádio Nacional AM, Silva diz que os documentos encontrados são bem diversos. "Vai desde inquéritos policiais militares, interrogatórios a fotos e cartas. Elementos levantados pelos órgãos da repressão, enfim, um painel bem amplo do que foi feito naquele período", conta. Os documentos se referem ao período de 1929 a 1979.

O secretário lembra que apesar de não haver revelações inéditas nos arquivos, eles cumprem a função de reconstruir a memória do estado, e com isso, contribuem também para a história do Brasil. "Nós sabemos que grande parte desses arquivos já foi filtrada de alguma forma pelos órgãos de repressão naquele momento. De qualquer forma, vai trazer esclarecimentos que ainda estão em curso." Silva ressalta que muitas descobertas ainda podem ser feitas. "Esse é um processo importante e surpreendente e que está sendo construído junto com a população".

Segundo Silva, em breve a consulta estará disponível na internet. "Estamos num período de transição. Como estamos recebendo muito material de pessoas envolvidas, é necessário esse tempo de adaptação do acervo ao convívio com a sociedade", explica.

Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Goiás e Distrito Federal abriram os documentos do DOPS nos últimos três anos. Para Silva, em Minas o processo se atrasou em função de uma "certa resistência" dos órgãos policiais em entregar a documentação ao arquivo público mineiro. "Foi necessária a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Só após essa CPI a documentação foi entregue."