Ação de forças brasileiras no Haiti visou tirar favela do domínio de gangues, relata general

15/12/2004 - 17h44

Christiane Peres
Repórter da Agência Brasil

Brasília - As tropas da missão de paz da Organização das Nações Unidas no Haiti realizaram hoje uma operação num dos bairros mais pobres e violentos da capital, Cité Soleil. Segundo o comandante da missão da ONU no Haiti, o general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro, o objetivo da operação era tirar Cité Soleil do domínio de gangues armadas, que aterrorizavam a população.

"Essas gangues tinham paralisado a vida de Cité Soleil no seu dia-a-dia. As escolas estavam funcionando precariamente, o mercado praticamente paralisado, as crianças não tinham liberdade de brincar na rua, os hospitais estavam fechados", conta o general. A operação foi realizada em conjunto com as tropas jordanianas, com a aviação chilena, a polícia civil internacional e a polícia nacional do Haiti, segundo relata o general.

Para o general Heleno, além de fazer uma demonstração de força, as tropas tinham a intenção de recuperar os postos policiais, inclusive, aqueles que já haviam sido destruídos pela ação dos bandidos. "Nossa idéia era, fisicamente, ocupá-lo e reconstruí-lo. Além disso, permitir que o governo do Haiti, pouco a pouco, retome suas atividades."

Heleno afirma que a operação, até o momento, foi bem sucedida. "Nós tivemos necessidade de enfrentar, logo no início da operação, uma reação muito forte. Tivemos tiros que foram dados sobre as duas tropas. Tanto a brasileira como a jordaniana que estavam no centro. Respondemos também a esse fogo com fogo intenso. Conseguimos percorrer toda a área e fazer o que chamamos de limpeza da área, ocupamos os postos de polícia", explica. O general conta que hoje a vida em Cité Soleil já foi retomada. O mercado voltou a funcionar, as escolas também abriram normalmente e os hospitais, pouco a pouco, serão reabertos.

Quantos aos feridos, o comandante das tropas militares da ONU disse que foram quatro civis e um soldado jordaniano. "Eles foram atendidos no Hospital da Missão da ONU. Uma senhora foi ferida gravemente no ombro, um jovem no cotovelo com alguma gravidade, ambos foram imediatamente operados por médicos argentinos, os outros dois foram feridos leves. Do lado das tropas tivemos um ferido leve na tropa jordaniana."

O general Heleno vê o resultado da operação, do ponto de vista de perdas humanitárias, como "ótimo". "Nós sabemos que, para atuar em uma área povoada como Cité Soleil, existe sempre a possibilidade de colocar em risco a vida de inocentes. Então, sob esse ponto de vista, a operação foi muito bem sucedida."