Especial 10 - Montadoras estudam fabricar veículos de passeio movidos a biodiesel

11/11/2004 - 5h34

Liésio Pereira, Pedro Malavolta e Fabiana Uchinaka
Repórteres da Agência Brasil

São Paulo – A legislação brasileira não permite veículos de passeio movidos a óleo diesel, mas, com a adição do biodiesel, essa situação poderá mudar. O presidente da comissão de Energia e Meio Ambiente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), engenheiro Henry Joseph Jr., diz que algumas empresas já estudam a fabricação de veículos dessa categoria movidos a biodiesel para o mercado brasileiro.

"Existem empresas que estão fazendo e participando de estudos, junto com o governo, visando à utilização do biodiesel em veículos de passeio - em teores bem mais altos do que os 5% [previstos a longo prazo] para a frota de veículos pesados. Tem estudos sendo feitos na base de 30% de biodiesel e alguns até, que estão se iniciando, de biodiesel puro. Mas são coisas que só devem ser concluídas a médio e longo prazo, uma vez que agora todo o interesse está em cima do uso do biodiesel em veículos pesados", afirma.

A questão, segundo o engenheiro, depende da evolução dos estudos e de uma legislação que permita veículos de passeio movidos a biodiesel. "Há empresas que fabricam veículos assim[movidos a biodiesel] em outros países. Com a entrada do biodiesel, elas teriam a oportunidade de trazer esses produtos para o mercado brasileiro se for autorizado este tipo de combustível", explica.

Na avaliação de Henry Joseph Jr., a adição de biodiesel ao óleo diesel consumido no país não deverá ter impacto imediato no mercado. "Como estará sendo adicionado ao óleo diesel comum, não imaginamos que possa trazer alguma mudança aí. No futuro, com o uso intensivo de biodiesel e com o Brasil deixando de importar ou produzir mais diesel localmente, pode-se imaginar que o preço do combustível diminua ou que se tenha mais fartura [de combustível], mas do ponto de vista do mercado de veículos não altera nada", afirma.

"O biodiesel é um produto ainda novo. Mesmo internacionalmente, ainda é pouco utilizado. Vem sendo usado na Europa há uns dois, três anos, mas ainda com características muito próprias de um produto europeu: é feito a partir de um óleo de colza – uma sementinha amarela que é comum na Europa. Aqui no Brasil está sendo previsto ser feito a partir da mamona, soja e dendê", acrescenta.