Andréia Araújo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O sociólogo e professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UNB), José Donizeth, elogiou, durante o Programa "Diálogo Brasil", a iniciativa do G-4 (Brasil, Alemanha, Japão e Índia) de promover reunião nas Nações Unidas para discutir ações de combate à fome. Segundo ele, o primeiro passo foi muito importante, pois o mundo conheceu uma temática diferente. "O mundo precisava quebrar a hegemonia dos Estados Unidos", defendeu.
Segundo o economista e professor da Universidade de São Paulo Ricardo Abramovay, a idéia de que basta liberar os mercados e promover a globalização para equalizar os problemas mundiais é cada vez menos verdadeira. Em sua opinião, é preciso, como defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Nova Iorque, criar mecanismo de combate à pobreza.
Abramovay explicou que as regiões com graves problemas de fome são as zonas rurais da África Subsaariana e do ocidente. Para combater a fome, segundo ele, não basta fornecer os alimentos, até porque esses países não teriam como pagar, mas encontrar formas para que eles possam se manter.
O diretor do Centro de Informações das Nações Unidas no Brasil, Carlos dos Santos, destacou que um dos problemas que limitam o desenvolvimentos dos países mais pobres é a corrupção: "Esses problemas dificultam o desenvolvimento e geram graves problemas estruturais", afirmou.
Para Ricardo Abramovay, o principal problema do Brasil não é a fome, mas a desigualdade e a pobreza. "A maioria dos pobres no Brasil não tem problemas com alimentos. Se fosse só isso, seria mais simples".
O professor da USP disse que o país não precisa gerar mais alimentos, mas gerar renda e diminuir as desigualdades. E questionou: "Por que Fome Zero? Este nome passa a idéia de que o Brasil tem problema de fome e isso não é verdade. O problema não é a capacidade de gerar alimentos, mas sim de gerar emprego e renda", acrescentou. Abramovay explicou que a produção de alimentos no mundo é suficiente para abastecer a população, mas que a distribuição é mal feita, gerando a fome.