Brasília, 23/9/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Mercosul quer criar um programa para a formação de novos restauradores de filmes, já que o problema afeta todos os países integrantes do bloco. "Temos que formar novos técnicos. A Cinemateca Brasileira tem apenas dois técnicos e, em todo o Brasil, esse número não chega a cinco", conta a diretora da Cinemateca Brasileira, Sylvia Bahiense Naves.
A criação de uma política do Mercosul para a preservação de obras audiovisuais esteve na pauta da Reunião Especializada de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul (Recam), que começou nesta quarta-feira (21), no Itamaraty, e termina hoje. Participam representantes do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (países permanentes do Mercosul) e Chile (país associado). Peru e Bolívia não puderam participar.
Para a diretora, falar em restauração é também pensar nas novas tecnologias. "O cinema era feito em película e agora é usada a mídia digital, que também precisa ser preservada e guardada para o futuro", afirma. "A preservação de filmes é quase artesanal Há poucos técnicos que sabem fazer isso com maestria e eles vão migrar para as mídias digitais. Temos que formar novos técnicos", ressalta.
Segundo Sylvia Naves, além da formação de mão-de-obra, outros dois pontos são fundamentais para a preservação das obras e foram abordados na reunião. O primeiro é conhecer toda a produção audiovisual do país. "O Brasil já fez esse levantamento, com isso você fica sabendo o que ainda precisa ser restaurado", explica.
O segundo refere-se às leis para criação e/ou proteção do chamado depósito obrigatório, que serve para a catalogar e preservar as obras. "Cada filme feito em cada país deve obrigatoriamente depositar uma cópia nova para ser preservada em uma cinemateca", diz Sylvia. Segundo ela, o Brasil já possui a lei que "protege a cinemateca brasileira e tem sido cumprida". Porém, países como Uruguai e Paraguai não possuem legislação sobre cinema.
De acordo com a diretora, uma política do Mercosul para preservar seus acervos "é conversa longa que não cabe em uma reunião. Estamos começando a arranhar uma política para, em primeiro lugar, fazer com que todos tenham depósitos obrigatórios da produção do país", afirma.