Por Leonardo Stavale
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Marcos Ruiz, 31, freqüenta um telecentro localizado na zona sul da capital paulista e mantido por uma ONG uma vez por semana há mais de um ano. Ele considera que o lugar tem auxiliado no seu trabalho com vendas: "Eu uso basicamente para trabalho, para captar clientes. Entro em sites de alguns clientes e mando e-mails para fornecedores". A estudante da 4ª série da rede pública, Ângela Jaqueline, 12, vai ao mesmo telecentro diariamente desde o início do ano. Ela afirma que sentia falta de um computador para poder fazer trabalhos, pesquisas e também para imprimir os trabalhos.
Assim como Ângela, os irmãos Adriano,12, e Bruna Leonel, 13, consideram o telecentro importante para realizar trabalhos escolares: "Eu já mexia em computador, mas estou fazendo um curso para apreender a fazer gráfico para me ajudar na escola, a fazer trabalhos, mexer em sites e fazer pesquisa", conta Bruna. Adriano conta que aprendeu a utilizar a Internet no telecentro. Os irmãos fazem curso de computação ali desde agosto. O curso acontece uma vez por semana e tem duração de 20 horas.
A dona-de-casa Elizabethe Stippe, 51, freqüenta o curso há mais de um mês. "Antes, eu ficava meio receosa com a maquininha, mas tem sido tranqüilo aprender", relata. Foi no telecentro que Elizabeth teve contato com um computador pela primeira vez. Ela costuma ler notícias on-line e fazer pesquisas de quadrinhos para o marido, que é cartunista.
Maria da Conceição Fulco Cordouro, 55, também é dona-de-casa e afirma que, apesar de ainda não estar familiarizada com o computador, seu próximo passo será criar um e-mail pessoal. Conceição destaca o trabalho que o telecentro que freqüenta desenvolve com os portadores de necessidades especiais – é o único no Brasil a fazê-lo. "Eu fico superfeliz. Aqui, eles dão um suporte muito grande a todos os deficientes, não só auditivo, mental, mas também visual como é o caso da minha filha".
Maria Magali Fulco Cordouro é portadora de deficiência visual e faz o curso em um computador que produz sinais sonoros e está conectado a um aparelho televisor que transmite a imagem de forma aumentada. "Aqui eu mexo na Internet, desenho, pinto e também faço textos no computador", conta Maria Magali.
Rafael Calzolari, 22, é o encarregado de facilitar a vida daqueles que antes eram excluídos digital. Ele trabalha como monitor no telecentro há 2 anos. Na opinião de Calzolari, é "gratificante" ver pessoas idosas, por exemplo, que tinham receio de se aproximar de um micro e depois de algumas aulas elas começam a escrever textos no computador. "Aqui nós procuramos misturar tudo. Terceira idade, deficientes e pessoas comuns para que realmente haja uma inclusão social e digital", explica.
O telecentro freqüentado por todos esses usuários atende a população desde dezembro de 2002. Os dados de agosto último são de que existem 3.693 usuários cadastrados na unidade e que mais 983 já concluíram os cursos ali oferecidos.
Os 18 computadores destinados aos cursos de informática são equipados com programas especializados para portadores de deficiências auditivas, visuais, físicas e mentais. Outras duas máquinas ficam disponíveis para o uso livre. O telecentro funciona de segunda a sábado, das 8h30 às 17h30. Nos telecentros, os usuários têm acesso livre e gratuito à Internet.