São Paulo, 21/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) recebeu sem surpresas a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros Selic em 16% ao ano. Segundo nota assinada pelo presidente da entidade, Horácio Lafer Piva, "a lógica da autoridade monetária não permite que a Selic seja reduzida neste momento. O surgimento de pressões inflacionárias faz com que as expectativas para o IPCA caminhem perigosamente para perto do teto de 8%, e há uma meta de inflação ainda menor do que a deste ano para ser cumprida em 2005. Em momentos como este, o BC não admite flexibilidade e a política monetária acaba combatendo o efeito primário do aumento de preços, sacrificando em demasia o produto".
A Fiesp destaca que há uma armadilha na decisão, porque os juros estacionaram em um patamar "anormalmente alto", a inflação encontra rigidez para baixar e não há ainda uma situação de "pleno emprego". "Discordamos que a saída para esta situação seja apenas a agenda micro, como parece acreditar o governo", diz a nota.
Segundo a Fiesp, é preciso discutir a agenda macroeconômica, alinhando as políticas monetária, cambial e fiscal ao objetivo de reduzir as vulnerabilidades fiscal e externa, "abrindo espaço para novas e expressivas quedas da Selic". Como medidas, a Fiesp sugere o engajamento imediato em uma política de compra de reservas e esforço de corte nos gastos públicos e de estímulo de investimentos.
A nota ressalta, também, que uma medida alternativa para compensar a manutenção da Selic no patamar atual seria a redução do "spread" bancário (diferença entre os juros básicos e os cobrados pelos bancos). "Se o BC não encontra espaço para reduzir a taxa básica, maior esforço deveria ser empenhado na questão do ‘spread’. O que não podemos é nos conformar com altas taxas de desemprego e tímido crescimento do mercado interno, dizendo a nós mesmos que o tempo resolverá nossos problemas", conclui a nota.