Especial 4 - Embrapa desenvolve estudos sobre insumos renováveis

17/06/2004 - 10h54

Brasília, 17/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Em uma área de 50 mil metros quadrados no Distrito Federal, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) desenvolve produtos orgânicos e estudos sobre insumos renováveis, sem interferência química. O engenheiro agrônomo Francisco Vilela Resende, um dos pesquisadores da Embrapa Hortaliças, informa que sua equipe trabalha desde 1999 com capim picado, esterco de aviário e fosfato de rocha na adubação do solo para o cultivo de orgânicos.

"Não são os canteiros limpos que se imagina, sem mato e bem roçados. No local, precisamos manter o máximo possível da diversidade, com plantas e animais que mantêm o ecossistema equilibrado. Na agricultura convencional, a ação química altera o ambiente e os insetos e plantas daninhas perdem os inimigos naturais. Por isso, a área é mexida o mínimo possível", explica.

Como exemplo, cita a adubação verde, em que leguminosas como mucuna ou crotalária acumulam, até a florada, nutrientes como fósforo e potássio que são incorporados ao solo depois de moídos. Outro exemplo é o plantio consorciado de tomate com coentro, cujo cheiro forte repele os insetos. "A cultura orgânica usa o que a natureza oferece", resume.

Emprego e renda

O assessor técnico Jean Pierra Medaets, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, destaca que os produtos da agricultura orgânica podem gerar emprego e renda no mercado interno. "E de forma digna", acrescenta Rogério Dias, do Ministério da Agricultura, para quem esse tipo de plantio é "limpo e socialmente justo".

Mais de 2 milhões de agricultores são capacitados por ano e desde 2001 eles contam, segundo o assessor do MDA, com assistência técnica e extensão rural. Para a produção, são investidos recursos a fundo perdido oriundos do Programa Nacional de Agricultura Familiar. E os produtores são orientados a participar de feiras nacionais e internacionais. Em setembro, o Brasil sediará mais uma.

A certificação dos produtos, para a participação nessas mostras, é fundamental. No Brasil existem cerca de 20 certificadores, onde os agricultores podem fazer a matrícula, marcar inspeções e receber o credenciamento. "O certificado é renovável anualmente, sempre após a inspeção e análise de resíduos químicos e transgenia", explica Aimée Novo Faria, consultora técnica do Sindicato dos Produtores Orgânicos. No Distrito Federal, lembra, há ainda convênio com o Sebrae, para capacitação dos agricultores com palestras, seminários, cursos e encontros.