Embargo chinês à soja não afeta meta de exportações do país, diz secretário

17/06/2004 - 18h30

São Paulo, 17/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil deverá cumprir a meta de exportação de US$ 83 bilhões deste ano, independente do embaraço criado pela China, que tem imposto barreiras para a entrada da soja brasileira naquele país sob o argumento de que o produto contém impurezas e contaminação por fungicida. A estimativa foi feita pelo secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, que evitou comentar como estão as discussões entre as autoridades do Brasil e da China em torno da resistência do país asiático, dizendo que os entendimentos estão sendo conduzidos pelo Ministério da Agricultura.

Mas, segundo ele, mesmo que o volume negociado deixe de fazer parte da previsão, o país conquistará um aumento de pelo menos 15% sobre os US$ 73 bilhões em exportação no ano passado. De janeiro a maio, já houve um crescimento de 25%, com superávit comercial de US$ 11 bilhões contra US$ 8,44 bilhões no mesmo período do ano passado.

Ramalho justificou que a certeza para a manutenção da previsão inicial vem do processo de diversificação de mercados e de produtos da pauta de exportação brasileira. Há setores com excelentes desempenhos, segundo o secretário, que vão compensar eventuais quebras de projeções.

A supersafra de laranja registrada nos Estados Unidos certamente derrubará os preços no mercado internacional afetando a exportação de suco de laranja do Brasil e o volume de açúcar deverá diminuir por causa do direcionamento para a produção do álcool, mas, por outro lado, a indústria automotiva, por exemplo, vem obtendo um desempenho acima da média.

"O comércio de aeronave vai crescer muito este ano por conta da nova família de aviões, além de calçados, móveis e bens de capital entre outros", informou.

Mesmo com referência à soja, o secretário disse que, se as autoridades chinesas mantiverem o embargo à soja brasileira, há ainda possibilidades de se tentar colocar o grão em outros mercados. "Mesmo que a soja tenha sido devolvida, não sabemos qual o destino que o produto deverá ter, ainda que, momentaneamente, esteja causando prejuízos".

Ivan Ramalho deu as informações logo após apresentar um quadro sobre o desempenho do comércio exterior em que salientou que, além do aumento das vendas ao exterior, vêm crescendo também as importações, o que sinaliza investimento, principalmente na área industrial, por meio da compra de máquinas e equipamentos. Esse aumento é resultado de uma maior demanda no mercado interno e não tem prejudicado as exportações, ponderou.

Para o ano que vem, o governo não está apontando uma projeção das exportações, mas a expectativa é que, gradativamente, sejam incrementados negócios para atingir US$ 100 bilhões em 2006. De acordo com Ramalho, no ano passado a movimentação do comércio no mundo girou em torno de US$ 7 trilhões, um crescimento de 8%. No entanto, o Brasil exportou US$ 73 bilhões em 2003, com um crescimento de quase 25%.

Ramalho deu as informações logo após palestra no auditório Espaço Brasil, evento paralelo à XI Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (XI Unctad)