Documento final da Unctad deve seguir linha defendida pelo Brasil, diz Celso Amorim

17/06/2004 - 20h19

Liésio Pereira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - "A Declaração de São Paulo, documento final da XI Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), que será divulgado amanhã, deverá seguir a linha que o governo brasileiro defende em relação à nova geografia do comércio que se colocou fortemente no cenário mundial. Esse será o grande ganho para o Brasil com a conferência". A afirmação é do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

"A Unctad foi o imã em torno do qual todas essas questões se colocaram", afirmou o chanceler, acrescentando que "quando o presidente Lula falou pela primeira vez da nova geografia comercial, em seus primeiros discursos, isso foi motivo de ironia. E agora é o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, quem está citando o presidente. Agora o assunto está na imprensa internacional. A demonstração de que há algo concreto a fazer é real, é um sentimento de todos".

Amorim destacou o lançamento da terceira rodada do Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC) – de comércio entre países em desenvolvimento - como uma esperança de um comércio mais justo para as nações mais pobres. Ressaltou também que as negociações mais difíceis no cenário do comércio internacional atualmente são as que envolvem a agricultura.

"Acho que as energias têm que se concentrar nesse momento na negociação agrícola, ao mesmo tempo ficando atentos a alguns aspectos da parte das negociações não-agrícolas, sobretudo em relação às negociações setoriais mandatárias", disse.

Questionado sobre a relação entre o SGPC e da Rodada de Doha, o ministro disse que "os maiores benefícios vêm da Rodada de Doha, porque os maiores prejuízos que nós sofremos vêm dos escandalosos subsídios agrícolas e obviamente esses nós não vamos eliminar em uma rodada de países em desenvolvimento. Agora, isso não invalida que você tenha uma negociação de acesso a mercados e que você possa prosseguir mais rapidamente com esses países em desenvolvimento do que você pode prosseguir com países desenvolvidos".