Dirigente dos produtores de soja acusa China de agir por conveniência

17/06/2004 - 20h09

Brasília, 17/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Óleo Vegetal Carlo Lovatelli, considera que a recusa chinesa de cargas de soja brasileira, alegando contaminação com fungicida, é uma atitude de "conveniência político/comercial", ressaltando ser esta uma opinião pessoal. Ele lembra que no ano passado o Brasil mandou para a China 6 milhões de toneladas de grãos, nada foi rejeitado e agora a situação mudou.

"Acredito que, de médio a curto prazo, isto será resolvido e tudo volta ao normal, pois a China não tem como manter esta situação à espera da safra americana, que começa em setembro", confia Locatelli. Ele acrescenta que está sendo elaborado um documento Pan-Americano, entre Brasil, Estados Unidos e Argentina.

"Este documento será da iniciativa privada, sem passar pelos governos, mostrando a nossa indignação contra o que de fato está acontecendo com o Brasil. Os americanos e argentinos estão muito preocupados porque foi aberto um precedente com uma escusa técnica, não fudamentada, e que botou em cheque toda a transparência e tradição do sistema de comercialização de soja no mundo", explica o presidente da entidade industrial.

Lovatelli lembra a existência de contratos tradicionais que têm de ser respeitados, regidos por legislação mundial do negócio. "O que os chineses estão fazendo nos traz grande insegurança. Não dá para assumir o risco de mandar um navio de 60 mil toneladas para a China, navegando 45 dias, a US$ 40 mil ao dia, e ao chegar lá haver a recusa porque eles não gostaram dos olhos do comandante".

Sobre a atual posição do governo, Lovatelli diz que a iniciativa privada está satisfeita: "Nós temos reações mais fortes porque isto está batendo diretamente no nosso bolso. O governo está trabalhando por etapas. Se o problema é técnico e os chineses estão com esta alegação, temos de ir lá e dar nossa contra-proposta a esta avaliação técnica. Então este é o passo certo".