Rio, 8/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - O secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Mário Mugnaini, disse que as negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), embora tenham registrado um avanço, no momento estão paralisadas. Para ele, a discussão vai além do aspecto regional porque inclui blocos como a Comunidade Andina, Nafta e o Mercosul.

Nesse plano, disse o secretário, o Brasil tem uma visão bastante clara de que faz parte de uma integração latino-americana e de que a integração com o Nafta e com os Estados Unidos depende de uma discussão um pouco especializada entre Brasil e os Estados Unidos ou ainda do grupo "Quatro mais um" que é como, segundo ele, está sendo chamado o Mercosul mais os Estados Unidos.

"O que será decidido na Alca é uma discussão que não é tão homogênea. Portanto, o bilateralismo ou regionalismo tem diversas possibilidade de subdivisão. Estamos imaginando que chegaremos a um acordo na Alca se entendermos as particularidades e as sensibilidades regionais", disse Mugnaini.

Para ele, o acordo que está mais avançado é do Mercosul com a União Européia (UE). O secretário destacou, no entanto, que a entrada de mais dez países no bloco europeu traz indefinições. "Dentro de um comitê e do aspecto biregional estão definidos como uniões aduaneiras. Porém, o grupo da União Européia acaba de agregar dez novos países, o que confere novo dado de incógnita de como será a integração desses países e as relações que eles passam a ter conosco", explicou.

Com a Comunidade Andina, o secretário disse que as negociações andam em velocidade reduzida. Ele considera que "é uma tarefa mais difícil" tratar com os parceiros desse bloco tendo como objetivo fazer uma grande negociação de preferências e, ao mesmo tempo, de responsabilidades do ponto de vista de negociações internacionais.

Mugnaini disse que a integração latino-americana para o Brasil é muito importante pelo ponto de vista econômico de trocas comerciais, mas acima de tudo pela troca de posições estratégicas. "A saída para o Pacífico para o Brasil é um objetivo bastante importante no aspecto comercial".

O secretário destacou ainda as negociações que o Mercosul faz com o México. "Estamos negociando com o México que acaba de solicitar adesão formal ao Mercosul, o que é um fato novo e importante, uma vez que Chile e Bolívia já são associados e também o Peru. Portanto, estaremos recebendo o México um país, ligado à Nafta e agora ao Mercosul", afirmou.

As informações foram dadas por Mugnaini ao participar da Semana de Comércio do Rio (Rio Trade Week). O encontro, que termina amanhã, antecipa a XI Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) que se realiza na próxima semana em São Paulo.