Professores universitários ameaçam paralisar atividades na semana que vem

07/05/2004 - 12h00

Brasília, 7/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), entidade anteriormente conhecida como Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior, que congrega cerca de 75 mil professores filiados a instituições federais, marcou para segunda-feira e terça-feira próximas (10 e 11) paralisação de 48 horas com o objetivo de sensibilizar o governo a atender uma pauta de reivindicações que incluiu melhoria salarial e condições de trabalho adequadas.

Segundo a secretária-geral da Andes, Cristina Miranda, as negociações com o governo não estão evoluindo satisfatoriamente, o que tem levado os docentes a desconsiderar a contraproposta, "visto que a mesma colide frontalmente com as nossas reivindicações e põe sob risco o futuro da universidade pública e do trabalho docente", disse.

Diante do impasse, a Andes preparou, em reunião realizada no dia 1º de maio com representantes das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), um calendário de paralisações das atividades. A próxima greve, depois das agendadas para a semana que vem, está marcada para 20 de maio, data em que a Mesa Nacional de Negociação Permanente estará reunida. Nos encontros durante as assembléias, de acordo com Cristina Miranda, os professores universitários demonstraram que as deliberações em favor da greve estão aumentado.

A respeito das sucessivas paralisações dos professores das universidades públicas no país, a secretária da Andes justifica que o instrumento da greve tem sido evitado, mas ressalta que, "infelizmente", não há outra alternativa. Ela adiantou que geralmente o motivo é sempre o mesmo. "A maior parte das vezes é por salários e condições de trabalho ou por medidas governamentais que rebaterão nos dois primeiros, a exemplo da reforma da previdência no ano passado".

Segundo dados do sindicato, os vencimentos básicos dos docentes das IFES variam de R$ 147,40 (mais complementação de R$ 92,60 por não atingir o valor do salário mínimo) para o professor graduado auxiliar 20 horas à R$ 1.432, 53 para o professor doutor titular dedicação exclusiva. O salário final dos docentes (acrescentando-se as gratificações GAE e GED/GID) varia de R$ 748,55 para professor graduado auxiliar 20 horas a R$ 4.845,37 para o docente doutor titular em regime de dedicação exclusiva (em torno de 8% do total da categoria).

Estes salários podem sofrer ainda flutuações de acordo com anuênios e causas judiciais ganhas. "A parcela de docentes titulares é pequena", destaca Cristina Miranda, observando que "as gratificações representam hoje quase 80% do valor do salário final".