MCT lança projeto para popularizar ciência e tecnologia

07/05/2004 - 18h30

Brasília, 7/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil tem 1,5% da produção mundial de artigos científicos, universidades em todos os estados e produção científica, principalmente nas áreas de agricultura e petróleo. O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) quer popularizar o conhecimento científico. Para isso lançou hoje o projeto Sexta com Ciência. O evento ocorre todas as primeiras 6ª feiras de cada mês. São palestras destinadas aos funcionários do MCT e ao público em geral. Outro projeto do ministério é o lançamento da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que deve ocorrer entre os dias 18 e 24 de outubro, em vários estados.

O tema da palestra de hoje foi a História da Ciência e Tecnologia, com o professor da Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia, Ildeu de Castro Moreira. Ele disse que a história da ciência brasileira é pouco conhecida. "Não há um curso universitário no país que tenha a matéria e muita gente acha que essa história não merece ser contada, porque a Ciência no Brasil só se desenvolveu mais a partir da metade do século XX", conta.

Moreira afirma que o desafio de divulgar e popularizar a ciência, em todo mundo, tem cinco séculos. "Galileu e Newton, por exemplo, começaram a fazer divulgação científica. É sempre um desafio mas é possível. Existem iniciativas no mundo inteiro que fizeram com que a divulgação científica fosse muito melhorada", argumenta. Entre estas iniciativas estão as semanas de divulgação científica que ocorrem em países da Europa. A idéia é apresentar, no Brasil, em outubro, um evento que envolva universidades, institutos científicos e governos estaduais. "As universidades abrirão as portas e mostrar ao grande público o que fazem e os institutos de pesquisas podem realizar atividades em locais públicos, como uma praça, por exemplo", afirma.

Ele cita o exemplo da Inglaterra que realiza o evento com a presença de 18 milhões de participantes. "A gente sonha com a massa de milhões de pessoas, no evento aqui no Brasil. Mas se a gente atingir, no primeiro ano, uma porcentagem de 10% dos estudantes já será um avanço", afirma.

O diretor acrescenta que o país precisa investir em uma melhor formação dos professores de ensino fundamental e médio e estimular a formação divulgadores científicos, como os jornalistas. "Os próprios cientistas precisam também ser mais abertos para falar ao público e temos que valorizar os trabalho de extensão das universidades", afirma.

Moreira aponta ainda as dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento científico no Brasil. "Há uma dependência econômica e tecnológica de outros países. Nós importamos muita tecnologia de micro-eletrônica, na área química e na área farmacêutica", afirma. Outro fator é que o país tem poucas patentes, cerca de cem. "Já a Coréia do Sul, por exemplo, tem 3 mil patentes", diz.

No próximo dia 4 de junho, a palestra do projeto Sexa com Ciência será sobre Tecnologia e Inclusão Social. O palestrante será o professor José Henrique de Faria, ex-reitor da Universidade Federal do Paraná.