Raquel Ribeiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A base governista definiu a estratégia para garantir que a Comissão Mista que vai analisar a Medida Provisória do Salário Mínimo aprove o valor de R$ 260 anunciado pelo Governo Federal. Diante da ofensiva da oposição, que conseguiu instalar a comissão atropelando a maioria governista, os líderes dos partidos aliados que haviam confiado a missão de defender a manutenção do texto original da MP aos seus liderados, recuaram e resolveram tomar à frente dos trabalhos. Das 26 cadeiras da comissão, 18 são reservadas aos partidos governistas. Destas, 13 agora são ocupadas por líderes ou vice-líderes partidários ou do Governo.
Na composição da Câmara, todos os titulares das dez cadeiras da base aliada são líderes ou vice-líderes de partidos. Pelo PT assumiu o líder Arlindo Chinaglia (SP) e a vice-líder Ângela Guadagnin (SP). Em caso de ausência dos dois, o PT determinou que a defesa pelo salário mínimo de R$ 260 será feita pelos vice-líderes Fernando Ferro (PE) e Ivan Valente (RJ). No PMDB a estratégia foi a mesma. Os titulares são o líder José Borba (PR) e o vice-líder Mendes Ribeiro Filho (RS), e os suplentes são André Luiz (RJ) e Gustavo Fruet (PR).
Dos partidos aliados que têm direito a uma só vaga na comissão, apenas o PPS não será representado pelo seu líder. O vice-líder Cláudio Magrão (SP) foi o escolhido para atuar na defesa pelo mínimo do governo. Nos demais partidos aliados, o trabalho será feito pelos líderes: o PP, por Pedro Henry (MT); o PTB, por José Múcio Monteiro (PE); o PL, por Sandro Mabel (GO); o PSB, por Renato Casagrande (ES); e o PV por Sarney Filho (MA). Apenas o PV e o PPS não escolheram vice-líderes para serem suplentes na comissão.
No Senado a situação é um pouco diferente. Das oito cadeiras de partidos aliados ao governo, quatro são ocupadas por líderes ou vice-líderes. As três vagas de titulares reservadas ao Bloco de Apoio ao Governo (PT/PSB/PTB) são ocupadas pelos petistas Ideli Salvatti, líder; Tião Viana, ex-líder, e Sibá Machado. Na suplência, apenas o senador Fernando Bezerra (PTB/RN) não é do partido do presidente Lula. Bezerra foi escolhido porque é o líder do Governo no Congresso e já se manifestou várias vezes contra um reajuste maior que o anunciado.
As demais cadeiras governistas são ocupadas pelo vice-líder do Governo, Romero Jucá (PMDB/RR), Leomar Quintanilha (PMDB/TO), João Batista Motta (PMDB/ES), Mozarildo Cavalcanti (PPS/RR) e Magno Malta (PL/ES). O voto de Malta, no entanto, é um mistério. O senador capixaba convenceu o PL a abandonar o Bloco do Governo em abril depois de não ter conseguido instalar a CPI dos Bingos, da qual era autor.
Encerrado o prazo de entrega de emendas, a comissão contabiliza 78 propostas apresentadas por aliados e pela oposição. Os novos valores variam de R$ 270 a R$ 330. Mas nem todas as sugestões apresentam as fontes de financiamento para garantir a diferença entre o valor proposto pelo parlamentar e o anunciado pelo Governo.
Os trabalhos da comissão deverão ser encerrados na próxima quinta-feira, quando o relator, deputado Rodrigo Maia (PFL/RJ), apresentará seu parecer para ser votado. Antes a comissão quer ouvir na terça-feira (11) economistas, representantes de entidades defesa dos aposentados e estudiosos da área social para saber os impactos de um reajuste maior no cotidiano dos trabalhadores e aposentados brasileiros.
A oposição pressiona para que os ministros do Planejamento, Guido Mantega, e da Previdência, Amir Lando, expliquem à comissão as razões que levaram o Governo a fixar novo mínimo em R$ 260. Apesar de já terem sido convidados, até final da tarde de hoje nenhum dos dois havia confirmado a presença na reunião de quarta-feira (12).