Especial 4 – Nas Casas de Parto, atendimento especial para pacientes do SUS

07/05/2004 - 10h05

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Escolher o local onde será realizado o parto é tão importante quanto decidir o tipo de parto que será melhor para a mãe e o bebê. O ambiente do nascimento, segundo especialistas, é um dos aspectos que diferenciam o parto humanizado dos partos tradicionais.

No Brasil, uma experiência recente está modificando o padrão de atendimento às mulheres na hora do parto. São as chamadas "Casas de Parto", regulamentadas pelo Ministério da Saúde por uma portaria publicada em agosto de 1999.

Um ano depois, no Distrito Federal, o governo local inaugurou a Casa de Parto de São Sebastião. Criada para funcionar como um projeto-piloto, a unidade fica numa das cidades mais pobres do entorno de Brasília e realiza, em média, 70 partos por mês.

O lugar não lembra um hospital. As paredes são pintadas em tom bege e muitas delas, decoradas com papel de parede, pinturas de flores e cartazes explicando os benefícios da amamentação. Na sala de parto, uma cama especial permite que a mulher escolha a melhor posição para ter o bebê. O quarto também possui ar condicionado, bola para massagem pélvica (que ajuda a encaixar o bebê), música e espaço para um acompanhante.

O obstetra Cláudio Albuquerque, chefe da Ginecologia, conta que a idéia das casas de parto surgiu com o objetivo de desafogar os grandes centros de saúde e humanizar o parto. Mas essas unidades realizam apenas partos normais de baixo risco, ou seja, os que evoluíram bem durante a gravidez e estão no tempo certo de nascer. "Por isso o Ministério da Saúde determinou que as casas de parto devem ficar no máximo a uma hora de distância de um hospital de referência, para onde são enviados os partos de alto risco", informa.

Além do ambiente, outra grande diferença entre as casas de parto e as maternidades tradicionais é o atendimento à gestante. "Elas recebem uma atenção especial, são examinadas de meia em meia hora até o parte e quando o bebê nasce, vai direto para o seio da mãe", explica o médico. A meta, acrescenta, é também incluir na hora do parto o auxílio das doulas (acompanhantes de parto): "No nosso caso, elas voluntárias da própria comunidade."

Na última quarta-feira, o casal Lúcia e Alessandro aguardava o nascimento da primeira filha na casa de parto de São Sebastião. Felizes e ansiosos, eles não tinham idéia de estar participando de um projeto piloto, com a oportunidade de um parto humanizado. Mas sabiam que estavam sendo bem tratados. "O atendimento é muito bom", concordavam.

O projeto das Casas de Parto reforça a necessidade de humanização da assistência à gravidez, ao parto e ao pós-parto (puerpério) no âmbito do SUS, diz a portaria que implementou o novo sistema. "Estamos provando que é possível oferecer um serviço de qualidade para uma paciente do setor público", conclui Cláudio Albuquerque.