Economia solidária é solução para o desemprego, afirma especialista

07/05/2004 - 12h16

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O economista Marcos Arruda, representante do Instituto Projetos Alternativos para o Cone Sul, afirmou hoje que o desenvolvimento econômico e tecnológico brasileiro deve ser apenas meio para o desenvolvimento humano e social. Durante palestra no segundo dia da 4ª Semana Social Brasileira, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Arruda destacou que, nesses termos, o Brasil precisa assumir um projeto próprio de desenvolvimento global, construído sobre bases voltadas à soberania nacional e à participação popular.

"Estamos tendo que improvisar soluções, porque as coisas feitas foram abandonar um projeto de ruptura e aderir a um projeto de gestão, de administração que não era o nosso", avaliou o economista, ao citar o desemprego e o aprofundamento das desigualdades sociais como efeitos negativos desse modelo. "É como se o crescimento por si, automaticamente, resolvesse todos os problemas. Portanto, ele é colocado num pedestal como se fosse uma finalidade da atividade econômica e de governo", criticou.

Para Arruda, a sociedade deve ocupar o papel de protagonista no processo de transformação desse quadro. "Para isso, a sociedade deve ganhar consciência e conhecimento dos problemas e tem que se organizar em redes para que a sua pressão seja forte", reforçou.

No entendimento do economista, uma das alternativas viáveis para a superação de problemas como o desemprego é a implantação do modelo de socioeconomia solidária, nos moldes do cooperativismo e da autogestão. "Significa a reconstrução da economia de baixo para cima, a partir das famílias, das comunidades e da capacidade da população de produzir bens e serviços. Num mundo em que o emprego está cada vez mais escasso, as pessoas estão cada vez mais desamparadas porque acham que sozinhas, sem patrão, são incapazes de viver de ganhar a vida, de sobreviver, o que não é verdade".

A 4ª Semana Social Brasileira reúne representantes da igreja católica e cristã e de movimentos sociais até domingo (9) em torno da discussão sobre o tema "Articulação das forças sociais, participando na construção do Brasil que queremos". O seminário é promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), a Coordenadoria Ecumênica de Serviços (Cese), além de movimentos sociais e entidades sindicais e estudantis.