Qualidade de vida para o entorno será o presente de Brasília

21/04/2004 - 12h05

Luciana Valle
Repórter da Agência Brasil

Brasília, 21/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - Qualidade de vida para o entorno: um presente que Brasília espera receber nesse aniversário. Completando 44 anos de fundação, a capital brasileira reflete sobre preservação e desenvolvimento.O Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Otto Ribas, em entrevista ao telejornal NBR Manhã, da Radiobrás, defendeu que a melhor maneira de se investir na preservação de Brasília – patrimônio cultural da humanidade - é melhorar a qualidade de vida do seu entorno.

"É preciso lembrar que Brasília hoje é cercada por uma ilha de desigualdades, especialmente fora do contorno do Distrito Federal. Em municípios como Águas Lindas, Valparaíso, até mesmo Luziânia, nós vamos ver que essas desigualdades são muito grandes e elas é que trazem pressão sobre a qualidade de vida investida em Brasília", afirmou Otto Ribas, que também coordena o Curso de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade de Brasília.

Para alcançar o desenvolvimento ordenado, Otto Ribas acredita que Brasília precisa integrar as administrações do DF e seu entorno: " Hoje o que se vê é uma concentração do desenvolvimento em Brasília, especificamente no Plano Piloto, que tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – do Brasil". Ele defende que o mesmo esforço de desenvolvimento, planejamento e urbanismo deveria ser estendido às populações que estão no entorno, para diminuir a pressão sobre a área tombada pelo patrimônio cultural. Mas esse desafio, Otto Ribas afirma que não é apenas uma responsabilidade de governantes, mas também da própria cidade.

O relato de quem participou da construção de Brasília confirma que a mudança da capital federal para o interior do Brasil, além de abrigar a nova sede do poder, visava promover o desenvolvimento da região. Como lembrou o médico Ernesto Silva, durante o programa exibido essa manhã pelo canal NBR. Ele se mudou do Rio de Janeiro para Brasília, em 1956, chegando a morar no Catetinho (o primeiro "palácio" do Governo). Ernesto Silva dirigiu a Novacap – Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil- e lembra-se de que o primeiro presidente do órgão, Israel Pinheiro, chegou a convidar comunidades de agricultores japoneses, oferecendo-lhes terras de graça, para começarem a agricultura do cerrado nos primórdios de Brasília. Segundo relata, os japoneses alegaram: "a terra não é muito boa, doutor". No que Israel emendou: "se fosse boa, eu não precisaria dos japoneses", divertiu-se Ernesto Silva.