Apesar de avanço democrático, insatisfação ainda é grande na América Latina, segundo Nações Unidas

21/04/2004 - 13h56

Brasília, 21/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - O relatório Democracia na América Latina, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), destaca que, apesar das melhorias democráticas, a região ainda enfrenta sérios desafios que levam a uma profunda insatisfação popular com os líderes eleitos. O documento aponta que o crescimento econômico insuficiente, desigualdades profundas e sistemas jurídicos e serviços sociais ineficientes causam inquietação popular e debilitam a confiança na democracia eleitoral.

"A democracia depende muito dos políticos para o seu aprofundamento", afirma o representante do Pnud, embaixador Carlos Lopes.

Segundo ele, o documento das Nações Unidas faz um elogio indireto ao Brasil, ao afirmar que o país possui bom índice de democracia eleitoral. Porém, mostra que o brasileiro está desconfiado no apoio à democracia.

"A mensagem para o governo brasileiro é muito clara: é preciso aprofundar a democracia para que ela não seja só política, porque parece que as pessoas estão muito satisfeitas na parte política, mas insatisfeitas na parte cívica e social", afirmou Lopes.

Para o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, o país avançou bastante democraticamente, "mas a democracia jamais será uma obra acabada". O ministro afirmou que os resultados negativos relativos ao país, que constam da pesquisa, servirão como instrumento para aperfeiçoar as instituições. "Com essas limitações ficamos desafiados a corrigi-las", ressaltou.

O relatório, feito em 2002 e que ouviu 19 mil latino-americanos e 231 líderes do continente, revela que quase todos os países latino-americanos contam com governos civis eleitos. Além disso, de acordo com o documento, a maioria da população latino-americana conta com uma imprensa livre e independente e usufrui de liberdades civis fundamentais.