Nome de filhote de Peixe-boi será escolhido em campanha

30/03/2004 - 15h58

Brasília, 30/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - "Peixe-boi sem nome não tem graça. Ajude a escolher o meu". Este é o slogan da campanha que o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) lança 5ª feira (1), na Ilha da Tanimbuca, Bosque da Ciência, para escolher um nome para o mais novo filhote de Peixe-boi nascido em cativeiro, sob a responsabilidade do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA).

Filhote de Peixe-boi com um mês e meio

O mais novo filhote de Peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis), o terceiro da mamãe Boo, nascido em 3 de fevereiro último, terá o seu nome escolhido, na campanha em que participam crianças e jovens de 7 a 14 anos, tal como ocorreu em 2002, quando o seu segundo filhote, nascido também em, foi batizado Tuã.

O LMA, que estuda a espécie amazônica há 30 anos, tem, hoje, 27 indivíduos, seis dos quais são filhotes. O primeiro a nascer foi Erê, em abril de 1998, hoje com mais de cem quilos, o que, segundo os especialistas, comprova o sucesso da reprodução da espécie, sob os cuidados dos pesquisadores.

Para participar da campanha que tem o patrocínio da Petrobras, os interessados devem escolher um nome relacionado a um tema amazônico (pode ser de tribos indígenas, plantas, rios etc), com o devido significado, e depositar os cupons que serão disponibilizados nos jornais locais, Bosque da Ciência, site do INPA, Petrobras e Portal Amazônia.

Os cupons serão depositados em urnas que serão colocadas nos postos BR, sede do Inpa, prédio-sede da Rede Amazônica e dos jornais participantes da campanha. A votação também poderá ser feita via Internet, nos sites do Inpa e Portal Amazônia. A campanha se estende até o dia 28 de abril, quando a comissão responsável pela escolha do nome se reune para definir o vencedor.

O prêmio será um micro-computador, doado pela Petrobrás e uma viagem de ida e volta, com direito a acompanhante, para conhecer a maior província gaseífera do Brasil: Urucu, em Coari (Amazonas). No dia 3 de maio, será anunciado oficialmente o nome escolhido para o filhote de Peixe-boi, no Bosque da Ciência.

A situação da espécie é muito delicada, por estar ameaçada de extinção. Para garantir a sua sobrevivência na Amazônia, o LMA, o Instituto Mamirauá, no Pará e o Centro de Pesquisa e Preservação de Mamíferos Aquáticos, da Manaus Energia, na Vila de Balbina, em Presidente Figueiredo, Amazonas, vêm desenvolvendo estudos e projetos de conservação.

Há quatro anos nasceu a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), que também aglutina forças para garantir a sobrevivência dos mamíferos aquáticos da Amazônia (peixe-boi, ariranha, lontra e os botos tucuxi e vermelho). Entre os desafios enfrentados pelos institutos e a Ampa, está o resgate de filhotes órfãos, o manejo populacional, os estudos em estado natural, a promoção de programas de formação da consciência ambiental nas escolas e comunidades e as alternativas de sobrevivência aos moradores ribeirinhos, de forma a evitar que a sua captura tenha continuidade.

É comum a denúncia de peixes-boi abatidos no interior do Amazonas. A Ampa tem registrado relatos de filhotes de peixes-boi, que foram encontrados vagando sozinhos nos rios, provavelmente porque suas mães tenham sido mortas ao procurar águas rasas para dar apoio aos filhotes nos seus primeiros dias de vida.

Além disso, existem denúncias de que filhotes de peixes-boi costumam ser vendidos ou doados como presentes, para pessoas influentes em muitos municípios do estado, enquanto suas mães são vendidas como carne, mixira e torresmos nos mercados. Animais de 60 a 200 quilos e, em torno de 7 a 10 palmos (1,4 a 2,0 m) são os mais comumente abatidos, conforme relatos. (Ascom Inpa)