Municípios brasileiros terão bibliotecas públicas até 2006

30/03/2004 - 16h42

Brasília, 30/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Ministério da Cultura quer implantar 1,3 mil bibliotecas públicas até 2006 nos municípios que não contam com uma unidade. O Programa Fome de Livro foi apresentado hoje ao ministro Gilberto Gil e deve ser lançado ainda neste semestre. "A idéia é garantir e democratizar o acesso à leitura para todas as pessoas em todas as cidades do Brasil", explica o coordenador do programa, Galeno Amorim. Cada biblioteca terá acervo inicial de 2.500 títulos, computador, videocassete e assinatura de jornais.

O Fome de Livro será desenvolvido pela Fundação Biblioteca Nacional. Começou a ser formulado em janeiro deste ano e tem como base o Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional (INAF 2001). De acordo com o estudo, o Brasil tem 16 milhões de analfabetos com mais de 15 anos (9% da população) e apenas 26% da população com mais de 15 anos têm domínio pleno das habilidades de leitura e escrita.

O restante, 65% dos brasileiros, são os chamados analfabetos funcionais, que "mal conseguem identificar enunciados simples, sendo incapazes de interpretar texto mais longo ou com alguma complexidade", diz o estudo.

Diante dessa realidade, o programa irá agir em duas frentes. A primeira é zerar o número de cidades brasileiras sem uma biblioteca. A outra é criar uma política federal centralizada para aumentar a leitura. "Será uma integração com outros ministérios, estatais, governos estaduais, prefeituras e organizações da sociedade civil", afirma Galeno Amorim.

Segundo pesquisa encomendada pela Câmara Brasileira do Livro e pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros, em 2001, 61% dos brasileiros adultos alfabetizados têm muito pouco ou nenhum contato com os livros, não existem livrarias em 89% dos municípios brasileiros e 6,5 milhões de pessoas não têm condições financeiras para comprar um livro.

Para reverter esse quadro e centralizar as políticas da área, o Fome de Livro terá três direcionamentos. A democratização do acesso ao livro se dará por meio das bibliotecas públicas, da construção de acervos básicos infanto-juvenis, da proliferação de centros de inclusão digital, livrarias e de campanhas de distribuição de livros. O segundo eixo, o fomento à leitura, será realizado por meio da formação de educadores-leitores e ações de estímulo junto a grupos sociais considerados excluídos (índios, portadores de deficiência e comunidades negras). O terceiro direcionamento, a valorização do livro, deverá ser feito com campanhas nos meios de comunicação.

Segundo Amorim, em abril, serão anunciados a data de lançamento, os locais onde serão implantadas as primeiras bibliotecas e os custos do programa, que virão do orçamento do Ministério da Cultura. O título do projeto é uma homenagem a um de seus idealizadores, o poeta Waly Salomão, que costumava dizer: "O povo tem fome de comida e de livros".