CPI da Terrra convoca Stédile para depor na quinta-feira

30/03/2004 - 18h39

Brasília, 30/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A CPI Mista da Terra quer que o dirigente nacional do Movimento Nacional dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, explique o teor das ameaças feitas no último final de semana sobre o relacionamento do movimento social com o Governo Federal. Stédile prometeu "infernizar" a vida do governo e fazer de abril um "mês vermelho" com uma nova onda de invasões por todo país, como forma de protesto e pressão pela lentidão no programa de Reforma Agrária do governo Lula.

O depoimento de Stédile já estava nos planos da CPI, mas na avaliação do presidente da Comissão, senador Álvaro Dias (PSDB/PR), as declarações tornaram sua presença não apenas oportuna como também urgente.

Apesar de não ver nas declarações de Stédile um "grito de guerra" contra o governo, Dias quer explicações sobre o que Stédile pretende com o endurecimento no discurso do MST. "Acho que as manifestações são mais fruto do inconformismo que um grito de guerra. A vinda dele aqui é oportuna até para que diga que não quer botar fogo no país, mas que cobra ações do governo", disse.

Inicialmente, a CPI deu a Stédile a possibilidade de escolher entre a próxima quinta-feira ou terça-feira para prestar esclarecimentos. No entanto, ao final da reunião, Dias explicou que o ofício comunicando a convocação – e não mais o convite como havia sido cogitado de início –, determinava a audiência na quinta-feira.

"Se cada pessoa for dizer o dia em que pode vir, a CPI não anda", justificou.

Dias explicou que a CPI tem respaldo jurídico para obrigar o dirigente a comparecer à comissão para prestar os esclarecimentos, mas acredita que não será necessário. "Certamente ele deseja vir, porque a CPI é uma tribuna".

O relator da CPI, deputado João Alfredo (PT/CE), classificou a convocação imediata como um superdimensionamento das declarações do dirigente do MST. Segundo o parlamentar, a convocação urgente de Stédile passa para a população a idéia de que apenas a opinião do MST interessa aos membros da CPI, quando há hoje 72 facções de movimentos sociais de disputa pela terra espalhados pelo país. "Além disso, desde o massacre de Eldorado dos Carajás (PA) que abril é um mês vermelho, de luta para o MST. Como eu conheço o MST, não superdimensiono as afirmações de Stédile", disse Alfredo.