Pastoral da Terra cobra programa de captação de água da chuva

23/03/2004 - 19h31

Brasília, 23/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Comissão Pastoral da Terra (CPT) cobrou do governo a criação de um programa nacional de captação de água da chuva. Durante debate no seminário "Vamos cuidar das águas do Brasil", em comemoração da Semana Nacional da Água, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, sobre o tema "Água e Segurança Alimentar", o coordenador-geral da CPT, Roberto Malvezzi, disse que a proposta é aproveitar "a gota disponível para produzir alimentos e matar a sede da população que mora em regiões como a do semi-árido brasileiro".

Malvezzi lamentou o desperdício por causa da ausência de um programa de captação de água. "O excesso de chuva no início do ano poderia ter sido aproveitado", lembrou.

Nos centros urbanos, segundo o coordenador da CPT, a captação da água da chuva poderia ser utilizada em atividades secundárias como lavar louça, carros, calçadas e molhar plantas. "Seria uma boa economia".

Malvezzi explicou que a inspiração do programa é o exemplo da China. Aquele país adotou o programa conhecido como "1+2+1", ou seja, o governo deu uma área de terra para as famílias assentadas no semi-árido, dois reservatórios de captação de chuva, um para o consumo humano e outro para a produção de alimentos, e mais uma área de captação de chuva na roça. Ele considera a iniciativa como uma revolução e afirma que o desafio é saber como trabalhar desta forma no Brasil, "que tem água de chuva suficiente para a produção agrícola no semi-árido".

Numa área de 1,8 milhão de quilômetros quadrados, moram 90 milhões de chineses. O semi-árido brasileiro engloba uma área de 850 mil quilômetros quadrados aonde vivem 18 milhões de habitantes. A pluviosidade média no semi-árido brasileiro é de 700 milímetros, enquanto na China o índice equivale a 500 mm. Para Malvezzi estes dados comprovam que é possível vencer a miséria também no semi-árido brasileiro.