Haddad diz que nunca viu lista de transplantes quando dirigiu o Inca

23/03/2004 - 19h55

Brasília, 23/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ex-diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Jamil Haddad, disse em depoimento hoje na Comissão Externa da Câmara que investiga possível interferência política nas listas de espera para transplantes de medula óssea no Instituto, ter pedido uma auditoria assim que assumiu a diretoria do Inca. Ele afirmou que não viu a lista. "Eu nunca tive uma lista dessas em minhas mãos", garantiu.

De acordo com Haddad, a crise desencadeada no Instituto deve ter sido em decorrência da disputa pelo poder. "O objetivo dessas denúncias não eram atingir só a mim, mas ao Ministro da Saúde e até mesmo a Presidência da República", afirmou.

Segundo Haddad, um transplante de medula óssea custa cerca de R$ 100 mil e o tempo médio de espera, a partir do momento em que um paciente tem seu nome incluso na lista de espera até a hora do transplante, é de três anos. "Só no Centro de Transplante de Medula Óssea (Cemo), o paciente espera cerca de 548 dias", revelou.

O ex-diretor acredita que um dos problemas no Instituto seja a falta de estrutura. E garantiu que não houve qualquer partidarismo na direção do órgão durante sua gestão.

Para a deputada Laura Carneiro (PFL/RJ), que integra a Comissão, o depoimento de Jamil Haddad esclarece os fatos. "Ele demonstra integridade e compromisso com a saúde pública brasileira", disse. A deputada acredita que seja difícil administrar a saúde, principalmente por causa dos escassos recursos disponíveis.

A Comissão Externa ainda pretende ir ao Rio de Janeiro para uma visita ao Inca na próxima semana. Os deputados devem intensificar os trabalhos e apresentar relatório conclusivo até o final de abril.