Funcionários da Fiocruz decidem parar por três dias

23/03/2004 - 19h00

Juliana Cézar
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os quatro mil funcionários da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) decidiram hoje, em assembléia, paralisar as atividades pelos próximos três dias. Eles reivindicam o pagamento de uma indenização pelas perdas salariais durante a implementação do Plano Bresser e a extensão do benefício a servidores admitidos a partir de 98.

O vice-diretor-geral da Associação dos Servidores da Fiocruz, Rogério Lannes, afirma que a categoria não recebeu a correção de até 26% entre 1987 e 1996. Segundo ele, os servidores ganharam na Justiça o direito à indenização, que em 2001 foi depositada em juízo pelo governo federal. "Com juros e correções, o precatório já vale cerca de R$ 280 milhões", calcula Lannes.

Caso o dinheiro não seja liberado nos próximos 15 dias, a categoria ameaça entrar em greve por tempo indeterminado. Por enquanto, os funcionários da centenária fundação optaram por uma paralisação progressiva. Pelo próximos três dias, as unidades da Fiocruz no Rio, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Manaus, Brasília e Rio funcionam parcialmente.

Os hospitais dos institutos Fernandes Filgueira e Evandro Chagas vão atender apenas os pacientes internados e em situação de emergência. O mesmo acontece no centro de saúde que atende a comunidade de Manguinhos, no Rio de Janeiro.

A produção de remédio e vacinas nas unidades de Far-manguinhos e Bio-manguinhos ficará restrita a 30% da capacidade. Nenhuma entrega de medicamento produzido pela Fiocruz será feita nos próximos dias.

A greve preocupa o presidente da instituição, Paulo Marchiori Buss. Em entrevista à Radiobras, logo após a inauguração do Centro de Estudos e Documentação da fundação em Brasília, ele admitiu que a paralisação prejudica projetos importantes do próprio governo federal. Entre eles, a Farmácia Popular.

"Estamos fazendo todo o esforço possível para solucionar o impasse junto ao Ministério da Saúde e Advocacia Geral da União", diz Buss. "Infelizmente, não depende do presidente da Fiocruz a resolução do problema."