Conferência de Segurança Alimentar usa ''bons exemplos'' para combater a fome

20/03/2004 - 14h57

Recife, 20/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - Experiências bem sucedidas de combate à fome, educação alimentar e geração de renda estão sendo apresentadas por representantes dos Conselhos Estaduais e Municipais de Segurança Alimentar de todo o país, na II Conferência Nacional de Segurança Alimentar, que se realiza no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. Os projetos beneficiam principalmente mulheres e crianças de famílias de baixa renda.

A idéia é que algumas das iniciativas sirvam de modelo para o governo, na busca da superação da pobreza. Um dos exemplos é o projeto Ambial, implantado no ano passado em 32 escolas da 1ª à 8ª série de Santa Catarina, que promove a educação alimentar para reduzir os índices de evasão.

De acordo com a secretária adjunta de educação, Selma Elias Westphal, as ações estão centradas em cozinhas comunitárias, onde as mães dos alunos carentes aprendem a usar os alimentos sem desperdício, passando a ter conhecimento sobre como preparar doces, sucos, bolos, pães e biscoitos a partir do aproveitamento de talos, cascas e sementes de frutas e legumes.

Entre os produtos estão sucrilhos de abóbora, que ajudam no combate as verminoses, biscoitos de casca de canela e de sementes de girassol. Além disso, o Ambial também disponibiliza duas refeições por dia a crianças e famílias carentes cadastradas pela comunidade escolar, possui hortas orgânicas e práticas pedagógicas voltadas para preservação ambiental. "O trabalho é financiado pelo governo estadual, mas o governo federal já se prontificou a ajudar", disse a secretária. A meta é beneficiar 178 escolas estaduais, até o final do ano.

Outra iniciativa que vem dando certo é o projeto Aliança Adolescente, de Pernambuco, onde os jovens participam de oficinas em que aprendem noções de cidadania, legislação, política e empreendedorismo. Eles ganham uma bolsa no valor de R$ 70 e gastam o dinheiro para iniciar um pequeno negócio.

Já no sertão do Estado, a palma, um cactus nativo do México, antes destinada apenas a ração animal, vem servido de alimento para a merenda escolar, graças a pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Xingó, da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). O vegetal, rico em aminoácidos, minerais e vitaminas C e do complexo B, está sendo indicado em tratamento de hipertensão, diabetes, prisão de ventre e como antidepressivo.

Os alimentos resultantes da palma, sucos, bolinhos, geléias, biscoitos, entre outros, estão sendo degustados pelos participantes da Conferência, no estande da Eletrobrás, que desde o ano passando apóia 254 projetos sociais em todo o país, com investimentos de R$ 10 milhões. A meta da empresa para este ano é aplicar R$ 300 milhões em 14 projetos sociais.

Quem vem seguindo o mesmo caminho para fortalecer as políticas públicas de combate à miséria do governo federal é a Petrobras. A linha de atuação da empresa inclui projetos de educação e qualificação profissional de jovens e adultos, geração de emprego e renda, além de combate a prostituição infantil.

De acordo com Leila Lopes, assistente técnica de administração da Petrobrás, a meta é investir R$ 303 milhões até 2006, para beneficiar quatro milhões de pessoas. Ela disse que a idéia é promover desenvolvimento com cidadania.