Pesquisador do Ipea miniminiza impacto de produtos industriais sobre inflação

11/03/2004 - 17h40

Rio, 11/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) minimizou o possível impacto que os produtos industriais possam vir a ter nos preços ao consumidor, que são o foco do Banco Central na decisão relativa à taxa básica de juros Selic. "Minimizamos na medida em que a gente acha que o impacto não é total", explicou o Coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do Ipea, Paulo Levy.

Acrescentou, contudo, que "ainda assim, consideramos importante analisar com cuidado o efeito desses preços porque temos uma meta de inflação relativamente baixa (5,5%) e achamos importante o Banco Central fazer todo o possível para atingir essa meta. Ele (o efeito) não deve ser tão grande quanto aquilo que está aparecendo nos Índices de Preços por Atacado (IPAs), mas é algo que o BC tem de levar em consideração".

Levy afirmou que ainda não dá para precisar quando o BC deverá retomar a trajetória declinante dos juros. Indicou a necessidade de haver análises mais profundas para saber se esse aumento dos preços industriais, concentrado nos insumos até agora, poderia ameaçar a meta de inflação, caso se adote uma política monetária excessivamente acomodativa.

A notícia positiva é que os preços ao consumidor , medidos pelo IPCA, mostraram em fevereiro um comportamento mais favorável do que o esperado."Em particular, a medida de núcleo mostrou uma queda importante em fevereiro. Então, com isso, a melhor atitude é observar com mais cuidado, fazer mais exercícios para entender melhor o repasse de preços dos produtos industriais". Destacou nesse particular a metodologia do IPA, que capta preços de listas que não necessariamente estão sendo praticados. "Este é outro elemento que tem de ser analisado melhor", ressaltou Levy.