Não há indicação de brasileiros entre mortos nos atentados em Madri, afirma embaixada

11/03/2004 - 10h18

Milena Galdino
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O clima em Madri é de choque e comoção, segundo contou à Rádio Nacional o diplomata Guilherme Friaça, funcionário da embaixada brasileira na capital espanhola. A explosão de uma série de bombas em estações de trem matou pelo menos 170 pessoas e feriu cerca de 600 na manhã de hoje na cidade espanhola. "Mas não há pânico, porque as autoridades controlam perfeitamente a situação. As ruas estão bloqueadas e o trânsito é muito difícil", explicou Friaça, garantindo que a lista com os nomes dos mortos ainda não foi divulgada até o presente momento. "Não há indicações de que haja brasileiros entre os mortos", afirmou na entrevista ao programa Revista Brasil.

Segundo Friaça, foi montado um centro de emergência na estação de Atocha, uma das atingidas pelas bombas e a principal da cidade, por ser entroncamento para várias linhas de metrô. De lá saem trens de alta velocidade para os demais centros urbanos do país.

O diplomata avalia que o atentado acontece em um momento político crucial para a Espanha, já que as eleições presidenciais serão no domingo. "O candidato do Partido Popular (Mariano Rajoy), tem o apoio do presidente Jose Maria Aznar e desfruta de boas chances nas pesquisas, por isso o atentado pode ter sido planejado dentro de uma estratégia de reverter esse quadro e de enfraquecer o governo do PP", supõe Friaça.

Se isso realmente for uma tentativa do grupo separatista Pátria Basca e Liberdade (ETA), como acusa o governo, para enfraquecer Aznar e Rajoy, o efeito pode ser o oposto. Há poucos instantes, Rajoy assegurou que a campanha eleitoral chegou ao fim e que o ETA, acusado pelo governo de ser autor dos atentados, colocou a democracia de luto. "É momento de deixar de lado todas as diferenças e unir as vontades de todos os espanhóis".

O líder do Partido Socialista e também candidato ao pleito de domingo, José Luis Rodríguez Zapatero, pediu que a reação dos partidos seja conjunta e que os cidadãos votem no domingo em reação ao ETA. O voto não é obrigatório na Espanha.

O governo espanhol convocou todos os partidos políticos para uma manifestação pacífica de repúdio ao terrorismo para as 19h (15h em Brasília) de amanhã. O ato deverá ter a participação de alguns dos feridos nos atentados.

(Milena Galdino)