Mensalidades escolares responderam por metade da inflação (IPCA) de fevereiro, constata IBGE

11/03/2004 - 12h45

Rio, 11/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - As mensalidades escolares foram responsáveis por metade da inflação de fevereiro, que ficou em 0,61%, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse item teve alta de 8,11% e respondeu sozinho por 0,31 ponto percentual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A maior alta das mensalidades, de 10,50%, foi registrada no Rio de Janeiro. Assim mesmo, a inflação de fevereiro ainda foi menor que a de janeiro, quando o IPCA ficou em 0,76%.

Desde o início de Plano Real, em julho de 1994, até fevereiro deste ano, as mensalidades escolares acumulam alta de 234,99%, enquanto, nesse mesmo período, a inflação acumulada é de 163,64%.

A gerente do Sistema de Índice de Preços do IBGE, Eulina Nunes, explica que nos primeiros anos do Plano Real, as mensalidades subiram acima da inflação porque os preços estavam defasados por causa dos planos econômicos que exigiam o congelamento. "A partir de 1999, a educação passou a subir menos do que a inflação. Assim mesmo, o acumulado é superior, o que nos leva a crer que além de repassar os custos da inflação para as mensalidades, os colégios estão repassando os gastos com outros encargos, como energia".

Também contribuíram para a inflação de fevereiro os automóveis novos, que já haviam registrado aumentado de 1,62% em janeiro e subiram 1,56%, refletindo, segundo Eulina, o repasse de aumentos ocorridos nos custos de produção, em particular nos preços do aço.

Nesses dois primeiros meses do ano, os automóveis tiveram os preços acrescidos em 3,20%, mais do que a taxa de 1,02% de todo o ano de 2003. Os carros usados ficaram 1,39% mais caros e, com o resultado de 1,26% de janeiro, acumularam 2,66%, resultado também superior ao percentual de 1,08% referente ao ano passado.

A conta de telefone fixo ficou 0,91% mais cara com o reajuste de 7% nas ligações de telefone fixo para móvel. Os cigarros subiram 2,03% e a taxa de água e esgoto, 0,83%.

Já o grupo alimentos e bebidas teve variação de 0,15%, bem abaixo da taxa de 0,88% de janeiro, quando o excesso de chuvas prejudicou as lavouras, fazendo os preços subirem. Assim, de acordo com Eulina, os alimentos foram os principais responsáveis pelo recuo do IPCA, já que pesam 23,39% na composição do índice. Também caíram os preços do gás de cozinha (de 1,72% em janeiro para 0,49% em fevereiro), da gasolina (de 0,49% para 0,19%) e do álcool combustível (de 1,89% para -2,54%). Esse último, sob a influência da boa safra de cana-de-açúcar. Os artigos de limpeza caíram de 0,52% para -0,69%, ônibus interestadual, de -0,62% para -0,46% e os remédios, de 0,65% para -0,23%.

A maior inflação, de 1,01%, foi registrada em Curitiba, e a menor, de 0,36%, em Salvador. No Rio de Janeiro, a inflação foi de 0,63% e, em São Paulo, de 0,45%. Nos dois primeiros meses deste ano, a inflação acumula alta de 1,37%, abaixo dos 3,86% relativos a igual período do ano passado. Nos últimos 12 meses, o IPCA ficou em 6,69%, também abaixo dos 7,71% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2003, o IPCA foi de 1,57%.

O índice, que serve de base para o governo fixar as metas inflacionárias, é calculado com base nas famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos de nove regiões metropolitanas (Curitiba, Recife, Fortaleza, Belém, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo e Salvador), além de Brasília e do município de Goiânia.