Energia solar elimina microrganismos da água na irrigação

11/03/2004 - 14h39

Brasília, 11/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - Microrganismos causadores de doenças em plantas podem ser introduzidos e disseminados nas culturas agrícolas por meio da água usada para irrigação. Aquecer essa água em um aparelho especial que capta a energia do Sol é uma alternativa eficiente e barata para eliminar fungos e bactérias, diz Maria Aparecida Tanaka do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), de São Paulo.

Quando fitopatógenos - microrganismos causadores de doenças em plantas - estão presentes na água usada para irrigação, eles facilmente contaminam a lavoura e podem atingir o solo, de onde se espalham para outras áreas. Para combater fitopatógenos já instalados na cultura ou no solo, é preciso aplicar produtos químicos caros e tóxicos, tanto para as plantas quanto para o próprio homem. Por isso, a prevenção - que consiste em eliminar ou reduzir o número de microrganismos presentes na água de irrigação - é a melhor alternativa. O tratamento da água pode ser feito, por exemplo, com a aplicação de cloro, mas esta substância, na dosagem necessária para matar os fungos e bactérias, também é venenosa para as plantas.

O aquecimento da água é um método seguro para as plantas e para o homem, porém fatal para os fitopatógenos, já que proteínas fundamentais desses microrganismos perdem suas funções quando submetidas ao calor. "A maioria dos microrganismos fitopatogênicos apresenta ponto térmico letal a temperaturas na faixa de 45 a 60 graus Celsius", dizem Maria Aparecida e sua equipe em artigo publicado na revista Fitopatologia Brasileira.

"O tratamento térmico da água com a utilização da energia solar constitui uma opção promissora e tecnicamente viável de controle", acrescentam. A energia solar é renovável e não polui, além de ser gratuita e abundante no país.

Maria Aparecida e sua equipe testaram a eficiência de um equipamento solar para a eliminação de fitoptógenos da água de irrigação. "O equipamento foi montado com coletores solares planos e o aquecimento da água obtido empregando-se dois princípios integrados de transmissão de calor, em circuito térmico fechado. "A energia térmica gerada nos coletores é transferida à massa de água em circulação, até ser atingida a temperatura programada", explicam. O equipamento apresenta ainda dispositivos especiais, capazes de garantir a elevação da temperatura de toda a água, sem a formação de zonas menos quentes, onde os microrganismos conseguiriam sobreviver.

Água contendo microrganismos causadores de doenças em culturas de morango, soja, feijão, alface, berinjela e quiabo foi aquecida por 10 minutos no equipamento solar. "A maioria dos patógenos testados não sobreviveu ao tratamento térmico a temperaturas acima de 50 graus Celsius", informa Maria Aparecida. "Embora mais estudos sejam necessários para confirmação da viabilidade técnica do equipamento, os resultados obtidos indicam que a sua utilização é promissora para a desinfestação da água para ser empregada na irrigação e em outras finalidades agrícolas", destaca ela. (Agência Notisa)