Brasília, 11/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A expectativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para os próximos meses é de que o setor industrial continue na sua trajetória de recuperação. Para isso, dependerá do aumento da renda familiar - que representa 60% da demanda da economia -, dos investimentos, do consumo por parte do governo e das exportações -que representam a maior esperança.
No quesito renda familiar, os números não são suficientes para a retomada do consumo, de acordo com Renato Fonseca, coordenador da Unidade de Pesquisa da CNI. Ele acrescenta que, em relação ao governo, não se deve esperar aumento de investimentos, tendo em vista a política de corte das despesas. Quanto ao setor privado, o aumento dos investimentos é planejado.
Exportações devem crescer
As vendas em janeiro cresceram 2,77% em relação ao mês anterior, mas não estão condicionadas a um aumento de produção, segundo o coordenador da Unidade de Pesquisa da CNI. A justificativa é a acumulação de estoques das indústrias no último ano, revelando a queima desses e não a retomada da produção.
"As exportações são o principal fator de demanda da economia brasileira, tendo em vista que a renda do trabalhador continua baixa. Mas a expectativa de crescimento da economia continua, embora não tão alta como se tinha no final do ano passado. Esperava-se que o crescimento viesse mais cedo, mas, infelizmente, houve uma paralisação da trajetória de redução dos juros, reduzindo a expectativa positiva na economia e, resultando, em termos de investimento, consumo, em crescimento moderado, da maneira como vem ocorrendo nos últimos meses", declarou Renato.
De acordo com a pesquisa, no entanto, a economia industrial dá sinais de retomada quando, em relação ao mês anterior, após ajuste para a sazonalidade, se verifica um aumento de 0,51% no número de horas trabalhadas. Quanto ao indicador de utilização da capacidade instalada, observa-se baixo desempenho da produção neste início de ano. Em termos dessazonalizados, o indicador é igual ao registrado em dezembro do último ano, em torno de 80,3%.
Em relação ao emprego, houve um aumento de 0,14%, bem como no que se refere aos salários, indicando subida de 0,13%. A massa salarial vem crescendo, como efeito da recuperação da atividade e da queda da inflação durante o ano, mas ainda está abaixo do observado no terceiro trimestre de 2002.
Consumidor
No que se refere aos preços, a CNI não acredita em aumento da deflação da economia, tendo em vista a queda observada em alguns setores, mas com aumento em outros. De acordo com Renato, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) resultou em impacto positivo na Indústria Automobilística em relação ao ano anterior. Da mesma forma, o preço do leite, do arroz e do feijão – que mais afetam o consumidor – tiveram queda. Em contrapartida, as commodities - produtos sem valor agregado - internacionais subiram.
A pesquisa divulgada pela CNI é o resultado mensal da produção da indústria em 12 estados com três mil empresas.