Brasília, 8/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A regulamentação de uma lei que obriga hospitais e postos de atendimento médico a comunicar à polícia a ocorrência de internação de mulheres vítimas de violência foi anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dentro de aproximadamente 30 dias. "Nós sabemos que muitas vezes essa violência se dá dentro de casa", afirmou, no programa radiofônico quinzenal "Café com o Presidente".
Segundo dados do Centro Feminista da Assessoria (Cefêmea), no Brasil, a cada quatro minutos uma mulher é agredida em seu próprio lar ou por uma pessoa com quem mantém relação de afeto. As estatísticas disponíveis e os registros das delegacias demonstram que 70% dos incidentes ocorrem dentro de casa e que o agressor é o próprio marido ou companheiro.
Lula abriu o programa, dedicado ao Dia Internacional da Mulher, parabenizando a filha, Lurian, que faz aniversário hoje, e a mulher, Marisa, "por ela ter tanta paciência em me aturar 30 anos". Ele lembrou que, no ano passado, o governo tomou diversas iniciativas em reconhecimento à importância da mulher. Entre elas, o Programa Especial para a Mulher, dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura (Pronaf). "O homem pode fazer o projeto da sua roça e ir no banco pegar o dinheiro, mas a mulher pode fazer um projeto independente também e ir lá e pegar o dinheiro", disse o presidente. Antes, apenas ao marido era dado o crédito agrícola.
"O Bolsa Família, nós damos para mulher, porque a mulher tem mais responsabilidade, a mulher está mais preocupada", ressaltou. E citou também que o governo contempla a mulher no programa de Alfabetização. "Em função de termos ainda seis milhões de mulheres analfabetas no Brasil, nós estamos cuidando com muito carinho, com programas especiais para alfabetizarmos as mulheres, sobretudo as mulheres que trabalham no campo".
Para ele, essas foram vitórias importantes para as mulheres. Contudo, disse o presidente, o espaço conquistado por elas ainda é pouco, diante do que merecem. "Nós precisamos aperfeiçoar a política de saúde para mulher, nós precisamos aperfeiçoar a política de empregos para as mulheres, nós precisamos começar a discutir na sociedade. Não é uma questão do presidente da República, é da sociedade, de garantir maiores oportunidades para as mulheres, até porque as mulheres estão, cada vez mais, entrando no mercado de trabalho. Então eu quero parabenizar as mulheres e dizer que se Deus quiser, eu tenho 58 anos, vou viver o tempo suficiente para gente ver as mulheres serem tratadas em igualdade de condições com os homens no Brasil e no mundo".
O presidente também elogiou a atuação das mulheres de seu ministério. "As ministras que eu escolhi são pessoas que não estão no governo apenas por serem mulheres, estão no governo, porque são pessoas competentes, são pessoas inteligentes e pessoas de especialidade na sua área", disse, ao citar as ministras Marina Silva, do Meio Ambiente; Dilma Rousseff, do Ministério das Minas e Energia; Nilcéia Freire, da Secretaria Especial das Mulheres e Maltide Ribeiro, na Secretaria da Igualdade Racial. "Eu acho que essas quatro companheiras simbolizam a idéia fixa que eu carrego de que as mulheres haverão de ocupar muito mais espaço no futuro político do Brasil".
O programa "Café com o Presidente" é produzido pela Radiobrás, sob a supervisão da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica (Secom), com transmissão às 6h, 7h, 8h30 e 13h.