Brasília, 8/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que as conquistas que as mulheres ainda precisam alcançar não serão benevolência ou dádiva de nenhum presidente, deputado ou senador. "Serão conquistas das mulheres. Vocês têm consciência de que a luta não terminou. Já conquistamos muita coisa, mas temos muita coisa para conquistar", afirmou o presidente.
Durante um café da manhã com funcionárias no Palácio do Planalto, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, Lula lembrou os importantes avanços que as mulheres conquistaram no Brasil nos últimos anos. "Eu acho que essa foi a conquista mais significativa das mulheres: o fato de as mulheres se descobrirem para a vida política brasileira", afirmou. Lula ressaltou que hoje as mulheres dirigem grande parte dos movimentos sindicais do país, estão nos partidos políticos, no poder Judiciário, governando prefeituras e estados. "Eu espero que parem por aí", brincou.
Segundo Lula, a Constituição de 1988 estabeleceu as linhas mestras da igualdade entre homens e mulheres. "Agora, temos a obrigação de fazer os arranjos para que esses direitos sejam consolidados", disse. O presidente lembrou que há muitos anos a lei proíbe que mulheres recebam salários menores do que os de homens que exerçam a mesma atividade e, mesmo assim, isso ainda acontece em muitas empresas.
A violência doméstica a que são submetidas mulheres de todas as partes do país é, segundo o presidente, uma questão cultural e que não é possível resolver com a criação de leis. "Essa é uma questão que nós vamos resolver primeiro com a exigência do cumprimento da legislação existente, mas essa é, sobretudo, uma questão cultural", disse. O presidente ressaltou a importância da educação para que a nova geração seja formada por homens e mulheres que respeitem os direitos uns dos outros.
Lula afirmou que ele é testemunha de que a consciência política faz a espécie humana evoluir. "Eu sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta, teve 12 filhos – quatro morreram antes de completar 30 dias de vida -, morreu analfabeta, mas na primeira tentativa de violência contra ela, feita pelo marido, ela simplesmente rompeu com ele, foi viver sozinha com oito filhos e provou que quando a mulher tem garra, determinação, ela não tem que ficar dependendo de uma pessoa que às vezes ao invés de ajudar, atrapalha", contou.
O presidente aproveitou o discurso para homenagear a atleta Daiane dos Santos, que ontem conquistou medalha de ouro no campeonato mundial de ginástica olímpica, e a cientista Lúcia Previato, que hoje recebeu um prêmio de ciência da Unesco.
Durante o evento, foi lançado o Ano da Mulher no Brasil e o Pacto Nacional pela a Redução da Mortalidade Materna e Neonatal. A meta do governo é reduzir em 15% os atuais índices de mortalidade materna e neonatal até 2006. Hoje no Brasil, em cada 100 mil nascidos vivos, ocorrem 74,5 mortes de mulheres. No caso das crianças, a cada mil nascidos vivos, 18,3 morrem nos primeiros 28 dias de vida.