Brasil e Portugal assinam acordo para resolver questão de imigrantes

08/03/2004 - 15h08

Milena Galdino e Nádia Faggiani
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu hoje a 7ª Cimeira Brasil-Portugal com destaque para a questão da imigração entre os dois países, objeto de um acordo assinado na ocasião. "Nenhum tema melhor expressa a complexidade dos desafios que temos a frente e ao mesmo tempo a maturidade que já alcançamos do que a situação dos brasileiros residentes em Portugal e dos portugueses residentes no Brasil", destacou.

Lula disse esperar sugestões concretas da subcomissão de assuntos econômicos, financeiros e comerciais entre os dois países – que se reuniu pela primeira vez na semana passada – para melhorar a parceria e o comércio entre Portugal e Brasil. "É com ânimo desbravador que empresários portugueses e brasileiros vêm renovando as nossas relações. Há enormes potencialidades nos campos do comércio e dos investimentos", disse o presidente. Para ele, Portugal fez uma "aposta" na economia brasileira, já que metade dos investimentos que o país fez no estrangeiro veio para o Brasil durante a última década. "Hoje são mais de US$ 10 bilhões, e motivos para crescer não faltam, já que o Brasil e o Mercosul oferecem porta de entrada privilegiada para participação de capital português nas obras de infra-estrutura para integração da América do Sul", incentivou o presidente.

Lula também falou da importância de os dois países continuarem a contribuir com a paz em nações com as quais compartilham história e cultura. "A consolidação da independência do Timor Leste, a vitória da democracia em São Tomé e Príncipe e a reconciliação nacional em Guiné Bissau são provas do que podemos alcançar", finalizou o presidente.

Portugal é o único país europeu com o qual o Brasil mantém reuniões regulares entre chefes de governo, as chamadas "cimeiras". Para o primeiro-ministro português, Durão Barroso, as relações Portugal e Brasil podem ser fortalecidas na área comercial a partir da troca de investimentos entre os países. Durão Barroso afirma que, para isso, é necessário garantir a estabilidade do quadro legislativo e das decisões políticas, no sentido de dar confiança ao investimento português no Brasil e ao investimento do Brasil em Portugal.

"Como se sabe, a União Européia será o maior mercado do mundo nos próximos anos, com cerca de 450 milhões de consumidores. O Brasil pode contar com Portugal como um espaço privilegiado de mercado para as empresas brasileiras, e, da minha parte, vou continuar a trabalhar para ampliar o interesse dos empresários portugueses, para mostrar de forma concreta nosso interesse e confiança no futuro dessa grande nação que é o Brasil", declarou Durão Barroso.

O primeiro-ministro português disse ainda que Portugal apóia a decisão brasileira de avançar no acordo entre União Européia e Mercosul e que as duas nações podem se orgulhar hoje dos passos dados pelos países de língua portuguesa, que fazem parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).