Articulação do Brasil por mudanças no FMI quer favorecer toda a América do Sul, diz Garcia

08/03/2004 - 19h04

Nádia Faggiani
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dará continuidade à política que vem adotando de telefonar aos mandatários das nações desenvolvidas para pedir apoio às mudanças nas regras do FMI para as nações em desenvolvimento. A declaração é do assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia. Ele afirmou ainda que o presidente não comentou a possibilidade de a Argentina não firmar o compromisso com o Fundo.

Lula já conversou com os chefes de estado dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Alemanha, da Espanha e da França. A próxima conversa será com o primeiro-ministro da Itália, Sílvio Berlusconi. Marco Aurélio Garcia ressaltou que, quando o Brasil faz a proposta sobre mudanças nas regras do FMI, não está defendendo somente a Argentina.

"Há outros países que estão enfrentando dificuldades. O Peru e o Equador estão sendo duramente penalizados, estão pagando o que não podem. O que o governo brasileiro quer é mudar a contabilidade dos investimentos públicos em infra-estrutura nestes países, de modo que os investimentos produtivos não sejam contabilizados como gastos no cálculo do superávit. É interesse do Brasil ajudar não só a Argentina, mas todos os países da América do Sul que enfrentem dificuldade", disse Garcia.

Nas conversas com os chefes de Estado das nações desenvolvidas, o presidente Lula tem pedido a criação de um fundo para proteger os países da América Latina em caso de turbulência externa. Ele também tem defendido a necessidade de aumentar os investimentos em infra-estrutura na região.

O governo brasileiro ainda não manifestou que posição irá adotar caso o governo argentino resolva não pagar a parcela da dívida externa do país que vence esta semana, de US$ 3,1 bilhões. O presidente argentino, Néstor Kirschner, tem ratificado a intenção de não pagar a dívida a menos que haja uma sinalização clara do FMI de que será aprovada a segunda revisão das metas do acordo.