Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou hoje 12 ministros ao Palácio do Planalto para definir medidas emergenciais de apoio aos desabrigados nos estados e municípios prejudicados pelas chuvas dos últimos dias em todo o país. Segundo o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, a prioridade neste momento é garantir abrigo e condições dignas de sobrevivência aos desabrigados das enchentes. Ele disse que o governo já está agindo para minimizar os problemas causados pelas chuvas, e garantiu que já foram distribuídas mais de 38 mil cestas básicas, remédios e água potável aos desabrigados e dada assistência médica preventiva.
Segundo Ciro Gomes, o presidente Lula determinou que se tomassem medidas para impedir que as famílias que vivem em áreas de risco retornem às suas casas. O ministro disse que o governo também não vai permitir a reconstrução de casas em áreas de risco, como forma de evitar que futuras tragédias se repitam, e só vai incentivar a reconstrução de casas em localidades seguras apenas depois do fim das enchentes.
Até o momento, já foram liberados pelo governo R$ 32 milhões para a recuperação das localidades atingidas pelas chuvas. Desse total, R$ 26 milhões foram alocados para a Defesa Civil e R$ 6 milhões para o Ministério da Defesa. A determinação do presidente Lula, segundo o ministro Ciro Gomes, é não restringir recursos na fase inicial de combate aos prejuízos das enchentes.
O ministro estima em R$ 99 milhões o prejuízo com as casas destruídas. Ciro Gomes não adiantou, porém, quanto o governo pretende liberar na segunda etapa dos trabalhos - quando a reconstrução das moradias dos desabrigados será colocada em ação. "O governo apoiará o esforço de reconstrução logo após o fluir das águas", resumiu Ciro.
Segundo levantamento do Ministério da Integração Nacional, até o meio dia de hoje 63.178 pessoas estão desalojadas (vivendo em abrigos provisórios depois de perderem a sua moradia), 41.147 desabrigadas (alojadas em casas de amigos ou familiares), 107 estão feridas e 50 morreram. Além disso 4.206 casas foram destruídas nos 15 estados atingidos e 28.353 casas foram danificadas. "Todos os desabrigados estão em abrigos provisórios. Estamos verificando cada um dos alojamentos para oferecer o mínimo de dignidade aos que perderam tudo", garantiu Ciro.
O governo também está contando com o apoio do Exército e da Aeronáutica para ajudar as vítimas das chuvas. Segundo Ciro Gomes, o Exército garantiu a reconstrução de três pontes nos estados de Pernambuco e Sergipe, e a Aeronáutica disponibilizou aviões para o transporte de suprimentos e o resgate de pessoas ilhadas. O presidente Lula quer garantir, segundo Ciro, que nenhuma localidade se mantenha isolada por falta de pontes ou estradas.
Além das medidas de apoio aos desabrigados, o governo também determinou a mudança no calendário escolar nos estados mais atingidos pelas chuvas para evitar que crianças e jovens sejam prejudicados. O Ceará foi um dos estados que já aderiu à medida. Outra ação do governo já colocada em prática foi o envio de representantes do Ministério da Integração Nacional a todas as comunidades atingidas. Segundo Ciro Gomes, a presença direta do governo em cada comunidade permite o levantamento dos prejuízos e dos recursos que serão necessários para a reconstrução das cidades e municípios alagados.
A expectativa do Instituto Nacional de Metereologia, de acordo com o ministro, é que as chuvas diminuam nos próximos sete dias. Mesmo diante do quadro otimista, o governo não esconde o temor diante da possibilidade de novas enchentes - uma vez que o período das chuvas tem o seu ápice, efetivamente, em março e abril. "As bacias hidrográficas do Semi-Árido têm mais água hoje no fim de janeiro do que na estação de chuvas do ano passado. As piores possibilidade de chuvas, porém, são em março e abril", alertou Ciro.