Brasília, 31/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é a única no país que oferece a disciplina de engenharia sísmica, ou seja, o projeto de construções que possam resistir a terremotos. A cadeira de "Análise dinâmica" trata das considerações que devem ser feitas para o projeto das construções a partir de dados da sismologia local. Tendo em vista o interesse demonstrado pelos alunos, este ano a matéria ganha um desdobramento, "Fundações de máquinas", que aprofunda o tema.
Os professores e especialistas em terremotos, Sérgio Hampshire e Silvio de Souza Lima, dizem que a oferta das matérias é fundamental para que a Escola Politécnica possa formar alunos com conhecimento para exercer a profissão fora do país. "Aqui ao lado, por exemplo, na cordilheira dos Andes, os tremores são intensos. Em tempos de globalização, é fundamental que nossos alunos estejam capacitados para trabalhar em outros países, inclusive os do Mercosul, com diferentes condições geológicas. A possibilidade de terremoto é um fator que obriga à aplicação de uma série de normas técnicas para construções, que precisam ser conhecidas no Brasil", frisa Souza Lima.
Ao contrário do apregoado popularmente o Brasil o país pode sofrer abalos. Estudos geológicos mais profundos indicam que não estamos isentos de abalos sísmicos. A história mostra que terremotos importantes ocorreram em áreas antes tidas como não sísmicas, como o que devastou Kobe, no Japão. No Brasil, parte do Centro-Oeste, o Acre e parte do Nordeste são as áreas mais propensas a tremores.
O sismo mais intenso já registrado no país ocorreu em Mato Grosso em 1955, com magnitude de 6,6 em região que felizmente na época era desabitada. Uma série de sismos sacudiram a região Nordeste na década de 80, sendo os mais intensos os registrados em João Câmara, no Rio Grande do Norte, em 1986. Houve tremor cuja intensidade chegou a 5,1 pontos na escala Richter causando o desabamento de 4 mil imóveis.
Segundo Hampshire, os últimos estudos indicam que há cerca de 10% de chance de ocorrer, nos próximos 50 anos, na Região Sudeste, um terremoto com até 6 pontos na escala Richter. Isto causaria em uma cidade como o Rio de Janeiro, uma aceleração horizontal de 5% da gravidade. Trata-se de um tremor relativamente fraco, mas suficiente para provocar danos estruturais facilmente evitáveis se os projetos de Engenharia Civil considerassem esse aspecto.