Márcia Detoni
Enviada especial

Nova Délhi (Índia) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Nova Délhi às 3h30m deste domingo (20h de sábado em Brasília) para visita de quatro dias ao país. Lula é o convidado de honra das celebrações do Dia da República, na segunda-feira. Mas o objetivo principal da visita é articular políticas conjuntas com a Índia nos organismo internacionais e firmar acordos de cooperação e comércio com uma das principais economias emergentes do mundo, que vem crescendo a uma taxa média de 6% há uma década.

Lula, que viaja acompanhado da primeira-dama, Marisa Letícia, foi recebido na base aérea de Palam pelo vice-ministro das Relações Exteriores Digvijay Singh, e pela embaixadora brasileira na Índia, Vera Machado, e seguiu para o palácio presidencial, onde ficará hospedado. A cerimônia oficial de chegada está prevista para às 10h45, quando Lula será saudado pelo presidente Abdul Kalan e pelo primeiro-ministro Atal Vajpayee.

A comitiva brasileira inclui quatro ministros: Celso Amorim (Relações Exteriores), Luiz Furlan (Desenvolvimento), Guido Mantega (Planejamento), Walfrido Mares Guia (Turismo). Também acompanham o presidente os governadores Roberto Requião (Paraná) e Zeca do PT (Mato Grosso do Sul) e o presidente da Embrapa, Clayton Campanhola.

Lula também trouxe à Índia um grupo de representantes do Mercosul, entre eles o ex-presidente da Argentina Eduardo Duhalde e a ministra das Relações Exteriores do Paraguai, Leila Rachit. Eles vão assinar um acordo de preferências tarifárias entre Mercosul e Índia.

A Índia tem sido tratada como parceiro estratégico pelo governo Lula, que quer expandir o comércio com países do hemisfério sul e criar uma frente política de países em desenvolvimento para buscar reformas em organismos internacionais como a ONU e a Organização Mundial do Comércio. Projeções com base nas taxas de crescimento econômico dizem que a Índia será a quarta maior economia do mundo em 2025 e o Brasil, a oitava.

Os dois países vão assinar tratados de cooperação em áreas como turismo, educação, ciência e tecnologia, agricultura e comércio. Lula fica na Índia até 28, seguindo, depois, para Genebra, na Suíça, onde participará de uma reunião da Unctad, órgão da ONU responsável por questões de comércio. Lula vai expor sua proposta para a criação de um fundo mundial para o combate à fome e à miséria.

Visita gera expecativas

A visita do presidente Lula tem recebido atenção dos jornais indianos, que a consideram um passo importante não só no estreitamento das relações bilaterais, mas na articulação política das economias emergentes.

"A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia tem grande relevância global por causa do tamanho significativo dos países e de suas influências crescentes nas políticas globais sobre comércio internacional, direito à propriedade intelectual, migração e meio-ambiente. As duas nações também têm o importante papel de dar mais voz aos países em desenvolvimento em questões internacionais", afirmou no sábado o jornal indiano "The Economic Times", uma das publicações sobre finanças e comércio mais importantes do país asiático.

Para o "The Times of Índia", outro grande jornal do país, "graças a Lula", o mundo em desenvolvimento começa a olhar em outra direção, não apenas para a Europa e os EUA. "Quando Lula subir ao palanque das celebrações do Dia da República, na segunda-feira, poderá fazê-lo com a satisfação de ser aquele que impulsionou um eixo alternativo Sul-Sul em um mundo que até agora só tem pensado em ligações econômicas por um caminho unidimensional", estampou o jornal.