Márcia Detoni
Enviada especial
Nova Delhi (Índia) – "A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia tem grande relevância global por causa do tamanho significativo dos países e de suas influências crescentes nas políticas globais sobre comércio internacional. Os dois países também têm o importante papel de dar mais voz aos países em desenvolvimento em questões internacionais", estampou hoje o jornal indiano "The Economic Times", uma das publicações sobre finanças e comércio mais importantes do país asiático.
Para o "The Times of Índia", outro grande jornal do país, "graças a Lula", o mundo em desenvolvimento começa a olhar em outra direção, não apenas para a Europa e os EUA. "Quando Lula subir ao palanque das celebrações do Dia da República, na segunda-feira, poderá fazê-lo com a satisfação de ser aquele que impulsionou um eixo alternativo Sul-Sul em um mundo que até agora só tem pensado em ligações econômicas por um caminho unidimensional", afirmou.
Outros jornais indianos, como o "The Hundistan Times", têm dado destaque à visita de Lula à Índia entre os dias 25 e 28 para conversações políticas e assinatura de tratados de cooperação em áreas como turismo, educação, ciência e tecnologia, agricultura e comércio. Mas o "The Economist" traz na edição de hoje uma análise aprofundada das relações entre os dois países e de suas dificuldades econômicas e sociais em artigo assinado por Vinode Thomas, diretor da Índia para o Brasil e um dos vice-presidentes do Banco Mundial.
Para Thomas, além da importância global da presença de Lula na Índia, a visita tem também um enorme significado bilateral. "As duas nações têm grandes perspectivas de colaboração econômica, social e cultural. As duas enfrentam importantes desafios sócio-econômicos e ambientais e podem aprender com a experiência de desenvolvimento que possuem. Esse potencial de aprendizagem e intercâmbio as torna parceiras naturais no desenvolvimento", escreveu Thomas no "The Economist".
Segundo ele, a Índia pode aprender muito com programas sociais brasileiros, como o Bolsa-Família, enquanto o Brasil tem lições a tirar do país asiático, que está conseguindo reduzir a pobreza por meio da estabilidade macro-econômica e de taxas de juro mais baixas.
O "Times of Índia" observa que, para facilitar o intercâmbio entre os dois países, empresas aéreas do Brasil, da África do Sul e da Índia – o chamado Grupo dos 3 – estão negociando um vôo tri-continental com o mesmo código ligando Rio de Janeiro a Mumbai e Délhi via Johannesburgo. O vôo envolveria a Varig, a sul-africana SSA e a Air Índia.