Roraima, 10/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - Durante 60 horas, três missionários ficaram reféns de índios e brancos contrários a homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol. Os manifestantes afirmaram que detiveram os três para averiguação, pois eram estrangeiros. Os reféns, entretanto, desmentem essa versão.
O Padre Ronildo Pinto França, brasileiro e o Irmão João Carlos Martinez, da Espanha, já atuam na região há alguns anos. O padre César Avellaneda, da Colômbia, trabalha em Manaus e veio passear em Roraima. Na madrugada de terça-feira, eles foram acordados com vidros sendo quebrados e pedras entrando pelas janelas. O padre Ronildo tentou se esconder, mas foi encontrado pelos índios. "Eles gritavam: os brancos têm de sair da nossa área", conta.
Segundo o religioso, havia entre 60 a 70 índios e um grupo de pessoas com a cabeça coberta. O Irmão João Carlos, coordenador da missão, disse que os raptores mudaram várias vezes de local e falaram algumas vezes com a polícia. Conta que, apesar de não ter sofrido agressão física, em algumas horas sentiu muito medo. "Quando fomos liberados, esperávamos pela Polícia Federal e ela não estava lá, ficamos apreensivos", disse. Segundo informou, os reféns foram levados de volta à cidade por Jonas Marcolino e o secretário do índio do estado, Orlando Justino. Antes, passaram pelo Instituto Médico Legal, onde fizeram exames de corpo de delito.