Brasília - O cineasta Rogério Sganzerla, 57 anos, morreu ontem (9), em São Paulo, onde morava, vítima de câncer no cérebro. O maior símbolo brasileiro do cinema-marginal, lutava, há meses, contra a doença e chegou a se operar no final de 2003. Sganzerla recebeu o prêmio de melhor diretor no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em novembro, pelo filme "O Signo do Caos".
Durante o ano de 2003, várias foram as homenagens recebidas por ele. No dia 19 de dezembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou a medalha da Ordem do Mérito Cultural pela sua obra. No Dia do Cinema Brasileiro (5/11), o Ministério da Cultura escolheu os filmes de Sganzerla para comemorar a data. Sobre as homenagens, Helena Ignez disse, na época, que "Rogério está num momento de reconhecimento e isso emociona tranqüilamente".
Seu primeiro longa-metragem foi "O Bandido da Luz Vermelha" (1968), que lançou o cineasta nacionalmente e no exterior. Considerado anárquico pela visão política apresentada e pela caótica linguagem cinematográfica, o filme tem no elenco Sônia Braga e Sérgio Mamberti.
Era justamente esse o maior dom de Sganzerla, o caos cinematográfico. Fugir das regras, dos roteiros convencionais e das receitas modernas para a produção de filmes de sucesso eram as leis perseguidas por ele.
Catarinense, nascido em 1946, na cidade de Joaçaba, Sganzerla negou rótulos e preferiu viver do cinema independente a seguir padrões estéticos e ter um grande público. Dono de uma personalidade forte e de uma língua afiada, criticava o cinema moderno e produtores. Frases como "no Brasil, o cinema, ao invés de andar, carangueja" resumem um pouco do pensamento do cineasta. Ele dizia que o cinema vivia uma época de "ausência do espírito transformador" e que "perdeu a dignidade".
09/12/2004