Nádia Faggiani
Enviada especial a Monterrey
Monterrey 10/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - A proposta de levar o debate sobre a redução da pobreza no continente americano para a Cúpula Extraordinária das Américas partiu do presidente
Luís Inácio Lula da Silva. Ele preparou um discurso sobre desenvolvimento social para ser apresentado no segundo dia do encontro, na próxima terça-feira, em Monterrey. Lula chegará à cidade mexicana, acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na próxima segunda-feira de madrugada e às 17h30 se encontra com outros 33 chefes de Estado para a abertura do encontro.
A subsecretária geral de Assuntos Políticos do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Vera Pedrosa, afirma que o Brasil hesitou em concordar com uma reunião extraordinária por achar desnecessário. Mas ao perceber manifestações favoráveis de outros países, o presidente Lula concordou, contanto que o encontro tenha um enfoque diferente dos anteriores, que recaía sobre temas econômicos. "O presidente Lula escreveu uma carta propondo que a Cúpula Extraordinária se desse em torno do combate à pobreza e superação da fome, o que foi aceito pelos outros países", afirma Vera.
A reunião de Monterrey não estava prevista na agenda dos países. O encontro deveria acontecer somente em 2005, em Buenos Aires, na Argentina. Porém, o Canadá sugeriu a antecipação, baseado no fato de que novos presidentes foram eleitos em países do continente e deveriam se encontrar antes de participarem da próxima Cúpula das Américas. A última reunião entre chefes de Estado aconteceu em 2001, em Québec, no Canadá.
Segundo a embaixadora, o que se espera desta Cúpula é uma conscientização em torno das questões sociais. "Esperamos conseguir conscientizar os povos para a necessidade de agir em conjunto pela superação da pobreza. Espera-se que este seja o tema principal das agendas políticas de cada país e dos organismos regionais", diz.
Os temas da Cúpula Extraordinária das Américas giram em torno do combate ao narcotráfico, crescimento econômico e governabilidade democrática, em que está incluído o combate à corrupção.
A embaixadora Vera Pedrosa participa junto com delegações de outros 33 países de reuniões de trabalho, ao fim das quais terão elaborado a Declaração de Nuevo León, conforme orientação dos chefes de Estado de cada país. O documento será entregue aos chefes de governo
na próxima segunda-feira, no início da Cúpula Extraordinária das Américas.
Vera Pedrosa diz que as negociações ainda são lentas, mas que não há divergências de itens da agenda e sim de prazos a serem cumpridos pelos países. A previsão é que o documento fique pronto hoje ao fim do dia, escrito nos idiomas português, espanhol e inglês.