Brasília, 19/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - As atletas brasileiras não deram chances às estrangeiras nas duas últimas edições da Corrida Internacional de São Silvestre, a principal prova de rua da América Latina e que encerra o ano esportivo no dia 31 de dezembro. A mineira Maria Zeferina Baldaia e a goiana Marizete Rezende garantiram o topo do pódio em 2001 e 2002, respectivamente, confirmando o alto nível das competidoras brasileiras. Na 79ª edição da prova, a possibilidade do terceiro título seguido está basicamente concentrada no duelo entre Baldaia e a baiana Sirlene de Pinho, ambas da equipe Mizuno. A prova feminina reunirá 1.500 atletas e começa às 15h15, enquanto a masculina, com 13.500 inscritos, larga às 17 horas.
Nos últimos confrontos, Sirlene tem levado a melhor. Em novembro, ela ficou com o segundo lugar na Volta Internacional da Pampulha, enquanto a companheira foi 12ª. Na prova Sargento Gonzaguinha, realizada em dezembro, Sirlene venceu, seguida de Baldaia. A única vitória da campeã da São Silvestre no duelo foi na Corrida da Integração, em Campinas, onde ela conquistou o bi e Sirlene foi a terceira colocada. E é apostando nesta rivalidade que se espera pelo menos uma das duas brigando efetivamente pela vitória no dia 31.
"Vencer a São Silvestre seria fechar o ano com chave de ouro. Um ano muito especial para mim, pois consegui resultados expressivos. Além disso, estaria melhorando minha performance na prova", explica Sirlene, de 25 anos, ex-empregada doméstica e que está radicada na cidade de Santos (SP). Em 2002, ela fez sua estréia na São Silvestre, mas acabou parando no quilômetro 12. "Agora estou mais experiente e vou fazer uma prova mais tática e com um rendimento melhor. O Brasil tem grandes corredoras e estou certa de um grande nível", afirma.
Maria Zeferina Baldaia viveu um ano bastante atípico, no qual foi prejudicada por uma contusão por estresse no primeiro semestre. "Tive de reaprender a treinar. Foi o momento mais difícil da minha carreira", reconhece a ex-cortadora de cana. Seu retorno às provas foi progressivo, tendo participado de grandes corridas como a Meia Maratona do Rio (não terminou), em maio, a Volta da Pampulha (12ª), em novembro, e a Gonzaguinha (2ª), em dezembro. "O objetivo é sempre ganhar. Mas quero, pelo menos, chegar entre as cinco primeiras e fazer um bom papel", ressalta Baldaia, que ainda se recupera de uma anemia.
O grande objetivo de Baldaia é conseguir o índice para a maratona dos Jogos Olímpicos de Atenas, no ano que vem. A marca exigida pela Confederação é de 2h37min (Márcia Narloch já tem 2h29min), e ela vai tentar isso no mês de abril, na Alemanha. "Juntamente com meu técnico, Henrique Viana, estamos trabalhando com o pensamento na Maratona de Berlim, que tem um percurso mais plano. A São Silvestre será um passo neste sentido", conclui Baldaia, que tem como melhor marca 2h36min, obtida na Maratona de São Paulo de 2002.
Outros destaques femininos na prova são Fabiane da Silva, campeã da São Paulo Classic em novembro; Dione D'Agostini; Marily dos Santos, 7ª na SS em 2002; Rosângela Farias, 3ª na Maratona Internacional de São Paulo 2003; Selma dos Reis, campeã da Corrida e Caminhada Contra o Câncer de Mama deste ano e 10ª na Volta da Pampulha (03); Adriana de Souza, vice-campeã da São Silvestre no ano passado; e Leone Justino, vencedora da Maratona de Barcelona. Entre as estrangeiras, o destaque é a queniana Margaret Okayo, bicampeã da Maratona de Nova Iorque (01/03) e terceira na SS em 2001.