Saúde intensifica vacinação contra febre amarela

12/12/2003 - 12h18

Brasília, 12/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - As viagens para regiões de matas durante o período de férias e o aumento de mosquitos ocasionado pelas chuvas de verão são fatores que elevam o risco de transmissão da febre amarela silvestre, doença que ataca o fígado e os rins e que pode levar à morte. Para evitar a ocorrência de surtos da doença, o ministério da Saúde está intensificando a vacinação contra a febre amarela. O público-alvo são principalmente os turistas que vão viajar para as área endêmicas da doença, que no Brasil compreendem as regiões Norte e Centro-Oeste, o estado do Maranhão e a região oeste dos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A vacina está disponível nos postos de saúde de todo o Brasil e nos postos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), presentes em todos os portos, aeroportos e fronteiras do país. A vacinação contra febre amarela também é uma exigência sanitária para viajantes internacionais, conforme publicação regular da Organização Mundial da Saúde (OMS). É o caso de alguns países da América do Sul e da África, que exigem o Certificado Internacional de Vacinação (CIV), de cor amarela, para a entrada no país.

Segundo o Programa Nacional de Imunizações (PNI), no período de 1997 a junho de 2003 foram aplicadas 69.976.674 doses da vacina contra febre amarela no país. Ela é gratuita, válida por dez anos e não apresenta contra-indicações, podendo ser tomada a partir dos seis meses de idade nos locais de risco e a partir dos nove meses nas demais regiões. "O ideal é se vacinar com dez dias de antecedência para que o organismo tenha tempo de produzir anticorpos", alerta o técnico do ministério da Saúde, Expedito Luna.

No ano de 2003, foram confirmados, até novembro, 63 casos de febre amarela silvestre (estados de Minas Gerais e Mato Grosso) com 23 óbitos. Ainda neste ano, foi detectada a circulação viral, com mortes de macacos (epizootia), no Rio Grande do Sul e em Roraima, e capturado um macaco infectado no Pará.

A febre amarela é uma doença infecciosa, causada pelo vírus amarílico e pode ser urbana ou silvestre. A principal diferença entre os dois tipos é que, no caso da urbana, o transmissor é o mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue.

A forma urbana da doença está erradicada do Brasil desde 1942. Nas matas, o principal hospedeiro da doença é o macaco. A transmissão ocorre quando o mosquito transmissor (do gênero Haemagogus e Sabethes) pica o macaco doente e depois o homem.

Os principais sintomas da doença, que aparecem entre três e seis dias após a picada do mosquito, são febre alta de início súbito, mal-estar, dor de cabeça, dor muscular, cansaço e calafrios. Quando a febre amarela evolui para uma forma mais grave, os sintomas podem incluir dor abdominal, diarréia e vômitos, geralmente de cor escura. Pele e olhos podem ficar amarelados (daí o nome da doença) e ocorrem pequenos sangramentos no nariz e nas gengivas.

A febre amarela não tem tratamento específico. Pessoas com suspeita da doença devem procurar os postos de saúde. Caso seja confirmado o diagnóstico, é feito o chamado "tratamento de suporte", com hidratação do paciente e uso de antitérmicos. Não deve ser utilizado medicamento que contenha ácido acetil-salicílico, que pode aumentar o risco de sangramentos.