Milena Galdino
Agência Brasil
Brasília – Ministros e negociadores do grupo dos países que luta na Organização Mundial do Comércio contra o protecionismo das nações desenvolvidas, o G-20, estão reunidos neste momento no Palácio do Itamaraty. O encontro, o primeiro desde a fracassada reunião ministerial da OMC em Cancun, é uma tentativa de afinar discursos e posições para o Conselho da OMC, que acontece na próxima semana em Genebra, na Suíça.
Antes de entrar na reunião, o ministro Celso Amorim disse que o encontro está sendo satisfatório. "Embora cada país tenha seus próprios interesse e alianças com outros grupos, há uma grande unidade nas posições. O essencial é a concordância de que não se pode perder o ativo político que o G-20 já representa e sua capacidade de atuar tanto com países desenvolvidos quanto com os em desenvolvimento", ressaltou.
Segundo ele, as presenças do diretor-geral da OMC, Supachai Panitchpakdi e do Comissário da União Européia para Comércio Exterior, Pascal Lamy, são demonstrações da força do grupo formado por países exportadores agrícolas. Juntos, eles pedem mais acesso aos mercados da União Européia e América do Norte e a redução substancial dos subsídios dados aos produtores, além do fim da ajuda a exportadores, ponto que mais incomoda os países em desenvolvimento.
O chanceler brasileiro acredita que as várias tentativas de que os países ricos fazem de quebrar o grupo só prejudicam as já delicadas negociações na OMC. "Qualquer tentativa de dividir o G-20 ou apontá-lo como um grupo que obstrui a pauta, o que não é verdade, uma vez que estamos propondo alternativas, está fadada a trazer efeitos negativos", garantiu. "O G-20 é hoje um interlocutor indispensável para levarmos adiante essa rodada da OMC", avaliou Amorim.
Ele deixou claro que os subsídios à exportação são os mais distorcivos, embora haja subsídios a agricultores que também têm um grande impacto no mercado internacional. Segundo ele, grupo luta para rever as regras da OMC porque muitas vezes elas dão margem para que haja compensações, ou seja, reduz-se o subsídio de um produto mas, ao mesmo tempo, aumenta-se o de outro. "Teoricamente, a União Européia cumpriu com todas as obrigações que assumiu na Rodada do Uruguai, no entanto, o total dos subsídios aumentou", exemplificou o ministro.
Cautela com Bush
Ele considera importante o fim da sobretaxa ao aço importado pelos Estados Unidos, mas deixou claro que ainda não é hora de comemorar o fato como uma tendência do país de melhorar o acesso aos seus mercados. "Sem dúvida o fato de os EUA, ou de qualquer outro país, seguirem a orientação dada pela OMC é positivo para a organização e para o sistema multilateral, mas é um caso único e não devemos tirar uma dedução geral", pondera.
Na opinião dele, ainda é preciso cautela para avaliar os resultados da medida tomada pelo presidente George Bush na última semana. "Estamos monitorando para ver se não se criam outros obstáculos artificiais. Esperemos que não", disse, citando que produtos brasileiros como o açúcar, a carne e o suco de laranja são alguns dos que mais sofrem com as medidas protecionistas no mercado internacional.